O que me interessa na coisa é a sua substância
As primeiras relações de Suzana Barão com a esfera objetual da arte se deram por meio do antiquariato. Dos anos 80 a 2015, a artista abriu caminhos no universo antiquarista
curitibano, então essencialmente masculino e calcado em interesses comerciais.
À revelia das práxis convencionais desse cenário, Suzana desenvolveu exercícios curatoriais onde apresentava as coleções, com as quais trabalhava, de acordo com
suas características estéticas e históricas particulares, criando uma ambiência para as obras, procurando levar o seu público para um lugar de memória, resgatando um pouco de sua historicidade. Explorando também os vínculos inusitados com da história e memória dos objetos.
As exposições de Suzana consistiam sempre em vivências destinadas à troca de
histórias e experiências particulares, as peças podiam ser tocadas, ouvidas, fruídas
pelos mais diversos públicos. As experiências multissensorias inusitadas, de uma
antiquarista, atraiam pessoas com motricidade reduzida, baixa visão ou audição,
pessoas no espectro autista e com superdotação, sempre fizeram parte de seu
público, somando seu modo particular de fruição à história de obras de arte e
objetos que o tempo fez raros.
Processos Poéticos
Na última década, essa experiência com os objetos carreadores de histórias e memórias se
consolidou na pesquisa poética que culminou no primeiro conjunto de obras da artista,
onde cacos e pedaços de objetos cotidianos, palavras, lembranças se ressignificam em
objetos de vivência a serem experienciados como a vida e a recordação,
multissensorialmente.
A poética de Suzana Barão é constituída pelos princípios de funcionamento da própria
memória: fragmentos, cacos, sobreposições, multisensações que se entrelaçam em
constante rearranjo e ressignificação.
O fragmento do cotidiano evoca reminiscências que vão aderindo a outras e provocam
novas percepções, como em mosaicos objetuais que, a partir de uma lembrança evoca um
quadro muito maior de inúmeras outras, sempre coletivo, sempre diacrônico, mas, ao
mesmo tempo, particular a cada pessoa.
Em sua estética, arte objetual, movimentos relacionais, jogos e técnicas mnemônicas
convergem numa concepção que é afetiva porque familiar no detalhe, no caco, na palavra
recortada de um contexto prévio, mas sem jamais deixar de ser nova, algo estranha e
desafiadora do pensar e do sentir quando rearranjada sob novas coesões e
tensionamentos.
Artistas Convidados:
Andressa Medeiros
Gissele Chapanski
Paulo Meirelles
Roger Burmester
Tutti Stôcco
Verônica Fukuda
Serviço:
Local: Soma Galeria – Rua José Bernardino Bormann, 730
Data: 05 de Outubro
Horário: 19h