Oncologista da Oncoclínicas Curitiba explica sobre a importância da prevenção do tumor, que é o segundo mais comum no Brasil, com exceção do câncer de pele não melanoma
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa de novos casos de câncer de próstata, no triênio de 2023 a 2025, ultrapassam a marca de 70 mil novos casos, número que coloca a doença na segunda posição entre os tipos mais frequentes de câncer no país, sendo o mais incidente entre os homens em todas as regiões do Brasil, com exceção do câncer de pele não melanoma. Ainda segundo o Inca, em 2020, 15.841 óbitos ocorreram devido ao tumor, correspondendo a um risco de 15,30 mortes a cada 100 mil homens. Esses números refletem a necessidade urgente de ações preventivas e de conscientização, tornando o Novembro Azul uma campanha fundamental.
O oncologista da Oncoclínicas Curitiba, Elge Werneck, explica que o câncer de próstata é uma doença que se desenvolve na glândula prostática, uma estrutura do sistema reprodutor masculino, com a função de produzir parte do líquido seminal, que transporta os espermatozoides. “São vários os fatores de risco para o seu desenvolvimento, sendo a idade um dos principais, uma vez que tanto a incidência quanto a mortalidade, aumentam consideravelmente após os 50 anos. Além disso, o histórico familiar desempenha um papel importante, particularmente quando há casos em parentes de primeiro grau, como pai ou irmão, diagnosticados antes dos 60 anos. Outros fatores como o excesso de gordura corporal e exposições frequentes a substâncias carcinogênicas, também podem contribuir para aumentar o risco de desenvolver a doença”, afirma o médico.
Apesar de ser o tipo de câncer mais incidente entre os homens, a boa notícia é que, se diagnosticado precocemente, há grandes chances de cura. “Os exames de toque retal e de dosagem do PSA (antígeno prostático específico) são fundamentais para identificar a doença em seus estágios iniciais. Em geral, o tratamento bem-sucedido depende da detecção precoce, o que torna o Novembro Azul ainda mais relevante. Além disso, quebrar tabus e preconceitos que frequentemente impedem que os homens busquem ajuda médica, é fundamental, uma vez que a conscientização é a chave para a promoção da saúde e o aumento das taxas de sobrevivência”, reforça Werneck.
Mitos e verdades sobre o câncer de próstata
Segundo dados do Datafolha, de 2021, para 21% da população masculina o exame do toque retal não é coisa de homem, outros 48% deixam de fazer o exame de toque retal por causa do machismo. Esses dados mostram que, embora o câncer de próstata seja comum e de fácil tratamento, a falta de informação e os mitos prejudicam a identificação precoce.
Para combater a desinformação, Werneck aponta os principais mitos e verdades acerca da doença.
O câncer de próstata só acomete idosos
Mito – Embora seja mais comum em idosos, podendo aumentar após os 50 anos, ele não se limita a essa faixa etária. A doença pode afetar homens jovens e é importante estar atento a sinais e sintomas que possam indicar problemas na próstata. O rastreio anual é recomendado a partir dos 50 anos para homens sem histórico familiar de câncer de próstata, ou a partir dos 45 anos para aqueles com parentes próximos que tiveram a doença.
Ter PSA alto significa ter câncer
Mito – Embora um valor elevado de Antígeno Prostático Específico (PSA) possa ser um indicativo de câncer de próstata, também pode ser causado por outras condições, como prostatite ou hiperplasia benigna da próstata. Portanto, um nível alto de PSA não é um diagnóstico definitivo e requer avaliação adicional.
O exame de toque retal é necessário
Verdade – O exame de toque retal, embora desconfortável para alguns homens, é fundamental na detecção da doença. Isso ocorre porque nem todos os casos de câncer apresentam níveis elevados de PSA no sangue, tornando o toque retal uma ferramenta importante para identificar qualquer alteração na próstata.
Ter próstata aumentada significa câncer
Mito – O aumento da próstata pode ser um sinal de câncer em desenvolvimento, mas também pode ocorrer em condições benignas, como a hiperplasia prostática benigna (HPB). A HPB é uma condição comum em homens com mais de 50 anos e, geralmente, não está relacionada ao câncer. No entanto, é essencial consultar um médico para um diagnóstico preciso.
Histórico familiar aumenta o risco
Verdade – Ter um histórico familiar, especialmente em parentes de primeiro grau, como pai ou irmão, antes dos 60 anos, aumenta significativamente o risco de desenvolver a doença. Homens com histórico familiar devem iniciar o rastreio mais cedo, geralmente aos 45 anos.
Ejacular frequentemente reduz o risco de câncer
Mito – A relação entre a frequência de ejaculação e o risco de câncer de próstata não é conclusiva. Alguns estudos sugeriram uma possível associação, mas não existe consenso na comunidade científica sobre esse assunto.
Alimentação saudável pode reduzir o risco
Verdade – Uma alimentação saudável, rica em antioxidantes, pode ajudar a reduzir o risco de câncer de próstata. Alimentos como sementes de abóbora e tomate, ricos em carotenóides, mostraram benefícios na prevenção. Além disso, limitar o consumo de carne vermelha, sal e álcool pode ser benéfico.
Vasectomia aumenta o risco de câncer
Mito – Após extensas pesquisas, não foi estabelecida uma relação entre a vasectomia e o câncer de próstata. A vasectomia é considerada segura e não está associada ao aumento do risco de desenvolver a doença.
Câncer de próstata tem cura
Verdade – O câncer de próstata tem uma alta taxa de cura, especialmente quando diagnosticado em estágios iniciais. O tratamento pode envolver cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou outras abordagens, dependendo do estágio da doença. A detecção precoce desempenha um papel fundamental na taxa de sucesso do tratamento.
O tratamento sempre causa impotência
Mito – Embora o tratamento do câncer de próstata possa ter efeitos colaterais, como impotência, esses efeitos variam de acordo com o estágio do câncer e o tipo de tratamento. Muitos homens mantêm sua função erétil após o tratamento. É importante discutir os possíveis efeitos colaterais com um profissional de saúde.