A descarbonização é um dos principais processos para uma economia global com emissões reduzidas em prol de uma neutralidade climática por meio da transição energética. Neste processo, reduzir a frota de veículos movidos a combustíveis fósseis é uma excelente estratégia.
Em 2020, o Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros no Município de São Paulo apontou que carros eram responsáveis por 72,6% da emissão de gases do efeito estufa, com um índice ainda mais preocupante: tais veículos realizavam o transporte de apenas 30% da população.
Neste cenário, cidades inteligentes ao redor do mundo estão enxergando o transporte público como um importante fator no processo de descarbonização. Em Curitiba, vencedora do prêmio de Cidade Mais Inteligente do Mundo de 2023, realizado em Barcelona, os testes foram realizados durante seis meses. No novo modelo de concessão, que está sendo executado na capital, a previsão é de 33% de ônibus elétricos na frota até 2030 e 100% até 2050.
Na China, a cidade de Shenzhen, com 18 milhões de habitantes, foi a primeira do mundo a optar por uma rede de ônibus elétricos. Desde 2017, os passageiros são transportados de forma silenciosa e sem emissão de CO2 , com um sistema de transporte capaz de poupar 194 mil toneladas de CO2 ao ano.
Apesar destes avanços, pensar nos impactos de veículos individuais permanece também uma prioridade. O carro, por exemplo, polui sete vezes mais que um ônibus, de acordo com dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).
Na avaliação de Beto Marcelino, founder e diretor de relações governamentais da ICITIES, associada da AHK-PR, o modelo do transporte público é um exemplo a ser seguido.
“Acredito que os ônibus são um exemplo para que se possa ter um modelo eficiente de descarbonização, mas está nos carros a grande transformação. É só observar no centro da cidade quantos carros passam e quantos ônibus passam poluindo o ambiente”, afirma.
O executivo destaca um aumento de 76% no número de venda dos carros elétricos em diversos países, de 2022 para cá, especialmente de frotas de companhias chinesas. Segundo ele, a tendência se encaixa perfeitamente em cidades inteligentes, como Curitiba.
“Cidades que têm mais apelo ecológico e uma consciência ambiental de famílias com condição de comprar pelo menos um segundo carro, então que seja elétrico. Veículos que até pouco tempo custavam R$ 300 mil, hoje estão valendo a metade. Então, é um conjunto de ações, e uma coisa leva à outra”, argumenta.
Marcelino aponta ainda vantagens que posicionam os moradores de Curitiba passos à frente, como as políticas públicas adotadas na capital e no Paraná de isenção da alíquota de 3,5% sobre o valor do IPVA de qualquer veículo elétrico. “Isso também estimula muito o cidadão a optar por um veículo elétrico. Pode ser que, no final das contas, dê no mesmo que um carro à combustão, que tem preços bem altos”.
O assunto também estará em pauta no Smart City Expo Curitiba entre os dias 22 e 24 de março. Esta é a quinta edição do evento, que contará com a presença da ICITIES, associada da AHK-PR. “Pelo segundo ano seguido teremos discussões e uma área específica dentro do evento chamada Tomorrow Mobility, onde será apresentado o que há de mais moderno na indústria da eletromobilidade e carbono zero”, explica Marcelino.
Sobre a AHK Paraná – Estimular a economia de mercado por meio da promoção do intercâmbio de investimentos, comércio e serviços entre a Alemanha e o Brasil, além de promover a cooperação regional e global entre os blocos econômicos. Esta é a missão da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná), entidade atualmente dirigida pelo Conselheiro de Administração e Cônsul Honorário da Alemanha em Curitiba, Andreas F. H. Hoffrichter.