É evidente que, por sermos sociáveis, estamos constantemente sendo colocados em evidência sobre o comportamento de outras pessoas. Não seria diferente quando pensamos em seus julgamentos, pensamentos, sentimentos.
Toda a situação exposta publicamente da participante do BBB, Vanessa Lopes, nos remete a diversas reflexões, críticas e até mesmo angústias levantadas sobre o impacto das redes sociais nas nossas vidas.
Quais seriam, portanto, os impactos dos cancelamentos, julgamentos e etc? Bem, isso não caberia em um único debate, mas gostaria de tecer alguns comentários sobre o que aconteceu.
Em primeiro lugar, gostaria de dar palco para o medo do julgamento alheio versus a exposição nas redes sociais. Como uma pessoa que expõe tanto não se prepara para críticas e posicionamentos contrários aos seus? Ora, por que é que não nos preocupamos com o contrário? Por que as pessoas se sentem no direito de julgar, apontar o dedo pro erro alheio, sem pensar na consequência que aquilo poderá trazer para quem lê? Será que somente por ter uma vida exposta, dá o direito do julgamento, da crítica, por vezes até de comentários de ódio?
No caso em comento, estamos diante de uma jovem de apenas 22 anos, que ainda está em processo de se conhecer como pessoa e indivíduo.
Como assim ela ainda está amadurecendo?
Sim, o córtex pré frontal, que é a região responsável pela nossa regulação emocional só fica completamente maduro aos 25 anos de idade, embora tenha o início do seu amadurecimento a partir dos 3 anos de idade.
Apesar de não conhecer a então ex BBB, não é difícil saber que algumas notícias ruins sobre ela já foram veiculadas. A maioria falam coisas negativas sobre sua aparência, sobre sua forma de se vestir, sobre a posição política de sua família, dentre outras críticas que invadem a esfera privada dela.
O fenômeno do cancelamento nas redes sociais tornou-se uma poderosa força que pode afetar significativamente a vida daqueles que estão na mira do público. Quando pessoas expõem suas vidas nas redes sociais, compartilhando aspectos pessoais e opiniões, estão sujeitas a julgamentos intensos e, em alguns casos, ao cancelamento virtual.
O cancelamento, muitas vezes originado por comentários controversos, comportamentos inadequados ou divergências de opiniões, pode ter impactos profundos na saúde mental e no bem-estar emocional. O sentimento de exposição e o ataque massivo de críticas podem levar a altos níveis de estresse, ansiedade e até mesmo depressão.
Além disso, o cancelamento pode ter repercussões na vida profissional, social e emocional das pessoas afetadas. Perda de contratos publicitários, oportunidades de emprego e até mesmo isolamento social são algumas das consequências possíveis.
No entanto, é crucial analisar a natureza do cancelamento. Enquanto algumas situações podem refletir uma resposta legítima a comportamentos prejudiciais, em outros casos, o cancelamento pode ocorrer de maneira injusta ou desproporcional. A cultura do cancelamento levanta questões sobre o equilíbrio entre responsabilização e compaixão, destacando a importância de promover um diálogo construtivo em vez de recorrer a medidas extremas.
As redes sociais oferecem uma plataforma poderosa para expressão e conexão, mas a intensidade do cancelamento sublinha a necessidade de uma abordagem mais reflexiva e empática nas interações online. Equilibrar a responsabilidade individual com um ambiente mais tolerante pode contribuir para um espaço digital mais saudável e menos propenso a impactos prejudiciais.
É evidente que a ex BBB já trouxe para o programa diversos comportamentos que a colocam na necessidade intensa de trabalhar sua regulação emocional. É visível que a mesma precisa de acompanhamento psicológico para aprender a lidar com questões nas quais a colocam em intenso sofrimento.
Mas o que vemos diante disso? Pessoas caçoando da situação, como se soubessem do que se trata, ou pior, como se estivessem no direito de falar da saúde mental de outra pessoa. Será que essa pessoa que aponta o dedo pra esses problemas está com sua saúde mental em dia?
Cabe a nós visualizarmos as dificuldades de outra pessoa em sofrimento e acolher, ainda que não entendamos suas razões, ainda que não concordemos com seus motivos.
Não é esperado de uma pessoa empática uma atitude que venha a piorar o estado de sofrimento de outra pessoa, ainda que seja uma pessoa pública.
As discussões acerca desse tema são infinitas, mas minha mensagem central é: não aponte o dedo sobre algo que você não conhece, especialmente quando você não entende a origem disso.
Seres humanos, falhos que somos, tendemos a tentar compreender o outro sobre nossa visão de mundo. Mas muitas vezes ela é limitada, posto que não entendemos o que o outro passou. Quais foram suas dores, suas dificuldades, quais foram suas batalhas.
Não julgue.
Acolha.
Sempre.