Brasil tem hoje cerca de 30 milhões de mulheres no climatério e na menopausa, e tratamento pelo SUS pode proporcionar melhor qualidade de vida
Um grande passo foi dado para a saúde da mulher brasileira. A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal aprovou um projeto de lei que prevê tratamento para mulheres em climatério e menopausa através do SUS (Sistema Único de Saúde). A iniciativa também institui a Semana Nacional de Conscientização para Mulheres na Menopausa ou em Climatério.
O projeto, agora encaminhado para análise na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), prevê que o SUS deve oferecer serviços de saúde específicos para mulheres que enfrentam esse período de transição, utilizando sua rede de unidades públicas ou conveniadas. Entre os serviços estão medicamentos hormonais e não hormonais, o SUS vai passar a disponibilizar os principais hormônios aprovados para a terapia de reposição hormonal, além de alternativas para mulheres com contraindicações.
Além disso, também prevê a realização de exames, capacitação dos médicos e acompanhamento psicológico. O projeto garante acesso a acompanhamento psicológico para auxiliar as mulheres a lidar com os efeitos emocionais da menopausa.
Um novo olhar para a saúde da mulher
Alexandra Ongaratto, médica ginecologista especializada em ginecologia endócrina e climatério e Diretora Técnica do primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, o Instituto GRIS, celebra a aprovação do projeto como um marco histórico para a saúde da mulher no Brasil. “Até então, não existia nenhum tipo de medicamento fornecido pela rede pública para o tratamento dessas mulheres. A aprovação do projeto representa um novo olhar para a saúde da mulher, que vai além dos exames rotineiros, da anticoncepção e do atendimento obstétrico”, afirma a especialista.
Impacto na qualidade de vida
A menopausa, que está presente em aproximadamente um terço da vida das mulheres, pode trazer diversos sintomas que impactam negativamente a qualidade de vida das mulheres, como fogachos, insônia, irritabilidade, perda de memória e até mesmo depressão. A falta de acesso a tratamento adequado pode agravar esses sintomas e prejudicar o desempenho profissional e social das mulheres.
“A menopausa não é uma doença, mas é uma fase da vida de toda mulher que precisa ser acompanhada de perto. As mulheres na menopausa e na perimenopausa podem ter um decréscimo muito grande de qualidade de vida com sintomas que são banalizados. Irritabilidade, ansiedade, mudança de humor frequente, perda de memória, isso vai ter um impacto inclusive na questão laboral”, explica Alexandra.
Desigualdades sociais
A especialista também destaca que a aprovação do projeto é fundamental para reduzir as desigualdades sociais no acesso à saúde. “Mulheres que dependem do SUS para tratamento da menopausa enfrentam muitas dificuldades, como a falta de acesso a medicamentos, orientações sobre mudanças de hábitos de vida e acompanhamento psicológico especializado. O projeto vai ajudar a diminuir essa diferença social”, afirma a ginecologista.
Capacitação dos profissionais de saúde
Para que o projeto seja eficaz, é fundamental que os profissionais de saúde da rede pública sejam capacitados para oferecer um atendimento especializado às mulheres em climatério e menopausa. “Não basta ter um projeto e medicamentos disponíveis se o médico assistente da rede pública não for preparado para prestar assistência à mulher no climatério”, ressalta Alexandra.
Semana Nacional de Conscientização
A Semana Nacional de Conscientização para Mulheres na Menopausa ou em Climatério será realizada anualmente em março. O objetivo é conscientizar a população sobre a importância da menopausa e dos cuidados necessários durante essa fase da vida.
Próximos passos
O projeto de lei agora será analisado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Se aprovado, seguirá para a Câmara dos Deputados e, posteriormente, para sanção presidencial.
A aprovação do projeto de lei é um passo importante para garantir o direito à saúde das mulheres brasileiras em climatério e menopausa. O acesso a tratamento adequado pode melhorar significativamente a qualidade de vida de milhões de mulheres em todo o país.
Instituto GRIS
O Instituto GRIS, tem como compromisso priorizar o bem-estar e a saúde feminina. Sediado em Curitiba, é pioneiro como o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil, agregando as mais avançadas tecnologias para o cuidado da saúde íntima feminina. Seu enfoque abrangente e especializado combina inovação e dedicação, ajudando as mulheres a assumirem o protagonismo em suas jornadas de saúde.
Reportagem de Lucas Vichinheski em colaboração com Maria Paula Alves e Vinicius Gonçalves