Conheça a incrível história da cafeteira Aram: Do Paraná para o mundo

Cafeteira não precisa de energia, filtro de papel ou cápsulas e entrega a mesma qualidade de cafeteiras profissionais, mas por um custo bem mais baixo

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Bruno e Maycon (Franklin de Freitas)

Já imaginou ter uma cafeteira que não precisa de eletricidade, filtro de papel ou cápsulas e ainda permite que se controle a pressão, a temperatura e o tempo para se fazer um café, possibilitando a criação de receitas diversas e a preparação de um café de altíssima qualidade? Pois saiba que nem é preciso usar a imaginação para algo assim, e tudo isso graças a uma invenção feita no Paraná: a cafeteira Aram, produzida pela Aram Soulcraft, uma empresa sediada em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e que hoje, sete anos após o seu lançamento, literalmente já conquistou o mundo.

O responsável pela invenção é o designer de produtos Maycon Aram, que criou a empresa há pouco mais de uma década (“uns 12, 13 anos atrás”). Após trabalhar num escritório que desenvolvia produtos de massa (produtos de plástico, móveis, tênis, equipamentos de modem de internet, etc), ele viu que esse mundo de produtos descartáveis não era para ele e resolveu, então, fazer um contraponto a esse estilo de produção. Inicialmente, seu foco era em produtos artesanais, como óculos de madeira. “Foi onde eu desenvolvi esse conceito artesanal do meu design. Eu sou designer de formação, sou do interior de Minas Gerais e vim pra Curitiba justamente pra fazer a faculdade. E durante essa época em que fiz óculos trabalhei bastante com madeira, um trabalho 100% artesanal”, conta ele.

Ainda durante a faculdade, num projeto acadêmico, Aram desenvolveu uma linha de utensílios para café gourmet, com um moedor e uma cremeira. Devido a questões financeiras, Maycon precisou deixar de lado o negócio dos óculos artesanais e resolveu retomar os projetos voltados para o café, com a ideia de fazer uma cafeteira mais manual, que permitisse ao consumidor customizar todo o processo de elaboração da bebida. “A ideia era que você pudesse controlar tudo: a pressão, a temperatura, o tempo, etc. E aí todo o conceito dos óculos de trabalho artesanal, de pequenos produtores, de produção em baixa escala, de mais qualidade, menos quantidade, eu apliquei na cafeteira”, relata.

Maycon criou o projeto da cafeteira sozinho e apresentou a ideia para Juca Esmanhoto, hoje um dos baristas mais respeitados do país. Com a ajuda do profissional, fez adaptações em seu produto, até por questões de regulamentação do Inmetro. Por exemplo, o primeiro protótipo da máquina ainda envolvia um sistema com resistência e energia, mas as barreiras de produção e certificação para venda eram tão grandes que fizeram o projeto voltar à sua origem, sem uso de energia elétrica.

Com o protótipo pronto, mas sem um tostão no bolso, a saída do inventor foi apelar para uma campanha de financiamento coletivo on-line. A meta era arrecadar R$ 30 mil em 45 dias, valor suficiente para a produção de 30 cafeteiras. “Era um experimento para ver no que ia dar. Só que no final da campanha a gente bateu R$ 330 mil arrecadados e saíram 330 máquinas. Foi aí que o negócio, que era uma brincadeira, um teste para ver o que iria acontecer, acabou virando um negócio bem sério”.

Como funciona
Para usar a cafeteira Aram, basta colocar água fervendo, morna ou fria, e extrair o café da forma que desejar. A velocidade aplicada na manivela controla a pressão da água e, além disso, também é possível controlar o tempo de pré-infusão da água com o café antes da pressão final. Tudo isso garante mais sabor à bebida e proporciona um café exclusivo e personalizado durante o preparo, permitindo que até os clientes mais exigentes explorem todas as a nuances dos grãos.

Trata-se do primeiro método de espresso brasileiro, cujas peças todas são produzidas por pequenos e médios fornecedores da região de Curitiba, sendo que muitas peças são produzidas manualmente. “Nossa engenharia é desenvolvida para que você tenha um produto de alta durabilidade e fácil manutenção. Sem medir esforços, utilizamos os melhores materiais encontrados no mercado mundial, como o aço inox 304 e o polímero Iglidur, da Alemanha. Queremos que você tenha bens que passem de pai para filho”, destaca a Aram em seu site oficial.

Produto paranaense conquista o planeta: da Suiça à Tailândia
Com o sucesso da campanha de financiamento coletivo lançada na plataforma Catarse, a Aram começou a ficar conhecida também fora do Brasil e não demorou para que revendedoras de fora do país procurassem o inventor mineiro e radicado no Paraná. “As primeiras [revendas] foram da Suíça e do Taiwan. Hoje, em torno de 75 a 80% das cafeteiras que produzimos são para exportação”, conta Maycon, citando ainda que hoje mais de 10 revendedoras de países como Suíça, Alemanha, China, Coreia, Canadá, França, Itália e Tailândia oferecem a Aram em diferentes partes do mundo.

“Na Tailândia, inclusive, a Aram é uma febre, a máquina é popstar lá, um negócio meio maluco. E a Tailândia está perto do Vietnã, que é um grande produtor de café especial, bem respeitado no mundo”, comenta o designer, relatando ainda que ao longo desses anos entre 6 e 7 mil cafeteiras foram vendidas.
“É um mercado de nicho, um mercado pequeno em volume, mas que está crescendo, só no Brasil, numa margem de 20% ao ano. Hoje, o café especial representa 5% do café consumido no Brasil, mas esses 5% estão crescendo de 20 a 25% ano ano. Então é um mercado pequeno, mas que tem um potencial enorme. E pra gente, tudo começou aqui nessa casa [em Almirante Tamandaré], onde eu já produzia meus óculos”, celebra o inventor.

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