Com trajetórias indescritíveis, ativistas, empresas e organizações, que lutam
pelos direitos dos animais, foram homenageados na noite desta quinta-feira
(23), na Assembleia Legislativa do Paraná, em reconhecimento aos relevantes
serviços prestados a uma causa de extrema importância para a sociedade.
Nesse momento, esses protetores paranaenses estão mobilizados e
contribuindo, de alguma forma, com o processo de resgate e assistência aos
milhares de animais afetados pelas graves enchentes registradas no Rio
Grande do Sul, formando uma grande rede de solidariedade.
Quem está participando diretamente dessa ação de ajuda ao estado gaúcho
são os Veterinários de Rua – os “Vets de Rua”, uma das organizações
homenageada na noite de hoje. A entidade surgiu em 2018, em Curitiba, sendo
uma das áreas da ONG Médicos de Rua. “A mobilização aconteceu durante um
encontro do grupo e, imediatamente, um grupo de 20 voluntários foi para o Rio
Grande do Sul”, contou a veterinária Claudia Portella Kogawa, que faz parte da
ONG. “Podemos mudar a vida de um ser esquecido. É isso que nos move”,
frisou. Declaração semelhante fez a estudante de medicina veterinária Camila
Sperotto, também participante da organização. “Fazer o bem faz bem”, afirmou
a jovem. Sempre no último domingo do mês, os Veterinários de Rua fazem
uma ação na Praça Tiradentes, no centro da Capital. São atendidos animais,
oferecendo ração, vacinas e vermífugos quando disponível, atendimento
médico e o tratamento clinico quando necessário. Também são doadas
roupinhas, coleiras e itens básicos. Esse trabalho está sendo feito no Rio
Grande do Sul.
A cerimônia foi organizada pelo deputado Alexandre Amaro (Republicanos), 4º
secretário da Assembleia, que enfatizou a importância de reconhecer as
pessoas, empresas, projetos e organizações pelos relevantes serviços e
homenagear suas ações em prol dos animais: “é de extrema valia uma
homenagem a esses heróis sem capa”, reiterou. O parlamentar, autor de várias
leis sobre o tema, destacou ainda que muitos protetores lutam em favor da
causa sem condições, agindo por amor aos pets, na maioria das vezes
abandonados de forma cruel e desumana por seus tutores. “Vocês fazem a
diferença na vida de um animal”, sublinhou na abertura da solenidade. “Minha
esposa Vanilda, aqui presente, sempre diz: os animais não podem falar; temos
que falar por eles”, acrescentou. O parlamentar comentou a importância da
atuação desses protetores paranaenses – ativistas e empresas – que estão
nesse momento comprometidos em ajudar os gaúchos.
“Todos, poder público e a sociedade, vêm fazendo um grande trabalho”,
afirmou à delegada-chefe das Delegacias Especializadas do Estado do Paraná,
Luciana Novaes. Ela enalteceu a atuação da Delegacia do Meio Ambiente, das
instituições, ONGs e protetores que colaboram para coibir a repressão aos
maus-tratos e o tráfico de animais. Para Karol Tartas, ativista que atua no
segmento há muitos anos, militando pelos direitos dos animais em Curitiba e
Região Metropolitana, é essencial ajudar os bichinhos, seres que precisam de
alguém que zele por eles. Ela defende a implementação de políticas públicas,
como medida fundamental para mudar o cenário atual de abandono e maus-
tratos. “Estou bastante emocionada, é uma honra ver todos aqui presentes e
participar dessa solenidade”, declarou.
Foram homenageados durante a cerimônia o Instituto GRPCOM – Programa
Impulso; a Rede de Proteção Animal da Prefeitura de Curitiba; a Delegacia de
Proteção ao Meio Ambiente (DPMA); o Centro de Medicina veterinária do
Coletivo da Universidade Federal do Paraná (UFPR); os Veterinários de Rua
Curitiba; Just Pets Tributo Justo; o site Adote Bicho; a Casa do Produtor; o
Hiperzoo; o Rei dos Animais; e o Castramóvel Brasil. Também receberam
homenagens as ativistas Tosca Zamboni, Laélia Tonhozi, Leyla Orilio, Rosana
Vicente de Moraes, Bernardo Marino, Rosana Gnipper e Julia Misga. Para os
voluntários e ONGs que atuam nesse segmento doações são bem-vindas,
sempre. Eles aceitam doações de ração normal (para cães e gatos), ração
pastosa, água, cobertores, coleiras, caminhas, roupinhas, caixas de transporte,
vermífugos, antipulgas, antibiótico, analgésicos, seringas, itens de limpeza e
até brinquedos próprios para os bichinhos.
Legados que inspiram
Um momento bem especial e de grande emoção, especialmente, para
familiares e amigos, aconteceu quando foram prestadas homenagens
póstumas a três protetoras: a médica veterinária Cecilia Vargas da Costa, a
ativista Maria Cristina Junges de Toledo e a tutora Viviane Roesler. O ato
marca o reconhecimento ao legado de proteção animal, e é de extremo
significado para que cada uma dessas histórias não seja esquecida, e
continuem a inspirarem outras pessoas a cuidarem dos bichos de rua.
A rede de proteção animal de Curitiba perde uma grande representante, em
2016, com o falecimento de Cecília Vargas da Costa. “Cissa”, como era
chamada pelos amigos e familiares, trabalhou arduamente para sensibilizar a
sociedade para o tema importante: os cuidados com os animais e a adoção.
Uma fase marcante de sua trajetória começou em 2009, quando começou a
promover eventos de adoção responsável aos sábados e domingos,
conseguindo com que mais de 8 mil gatinhos encontrassem novos lares. Sua
vida foi dedicada a causa animal e, apesar da pouca idade (morreu aos 36
anos), já era referência por ter ajudado e doado milhares de animais.
Abandonados nas ruas do país
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimava, em 2022, que existiam
cerca de 30 milhões de animais abandonados nas ruas do Brasil, sendo 10
milhões de gatos e 20 milhões de cachorros. Esses animais sofrem todo dia
com o abandono, doenças físicas e mentais, fome e maus-tratos, sem ter voz
para se defender eles dependem de iniciativas governamentais, protetores
independentes e ONGs que trabalham com o resgate, cuidado e adoção.
Marcaram presença na solenidade, compondo a mesa de autoridades, o
delegado-chefe da Delegacia de proteção ao Meio Ambiente, Guilherme Luiz
Dias; o vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos Animais, Paulo
Colnaghi.