OMS diz que surto de mpox é ameaça à saúde pública global

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Biomédico explica a doença, sintomas, formas de transmissão e cuidados; contágio não tem nenhuma relação com a vacinação contra a Covid-19 | crédito de imagem CDC/Cynthia S. Goldsmith, Russell Regnery
Biomédico explica a doença, sintomas, formas de transmissão e cuidados; contágio não tem nenhuma relação com a vacinação contra a Covid-19 | crédito de imagem CDC/Cynthia S. Goldsmith, Russell Regnery

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, determinou que o aumento de casos de mpox na República Democrática do Congo (RDC) e em um número crescente de países na África, constitui uma emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII) no marco do Regulamento Sanitário Internacional (2005) (RSI).

A declaração seguiu a recomendação de um Comitê de Emergência do RSI composto por especialistas independentes, que se reuniu na quarta-feira (14/08) para analisar os dados apresentados por especialistas da OMS e dos países afetados. O Comitê informou ao diretor-geral que considera o aumento de casos de mpox como uma ESPII, com potencial de se propagar para mais países da África e possivelmente fora do continente.

Até o momento, em 2024, foram notificados 709 casos de mpox no Brasil, com um total de 16 óbitos, o mais recente registrado em abril de 2023. Nenhum desses casos, porém, está relacionado com a variante responsável pelo surto na África Central.

O que é a mpox?
A mpox (varíola dos macacos) é uma zoonose causada pelo vírus monkeypox, do gênero Orthopoxvirus, pertencente à família Poxviridae. A essa família, também pertencem os vírus da varíola e o vírus Vaccínia, a partir do qual a vacina contra varíola foi desenvolvida.

Há duas cepas geneticamente distintas do vírus da mpox: a cepa da Bacia do Congo (África Central) e a cepa da África Ocidental. As infecções humanas com a cepa da África Ocidental parecem causar doença menos grave em comparação com a cepa da bacia do Congo.

“O vírus da mpox foi identificado pela primeira vez em 1958, em colônias de macacos mantidos para pesquisa; daí o nome monkeypox. Apesar disso, os roedores são considerados os reservatórios naturais do vírus, e não os macacos”, explica o biomédico Thiago Nascimento, delegado do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná 6ª Região (CRBM6) em Londrina, mestre em Patologia com ênfase em Imunologia e doutorando em Patologia Experimental pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).

“A doença foi reportada em humanos pela primeira vez em 1970, na República Democrática do Congo. O aumento recente nos casos fora da África, onde a doença é endêmica, chamou a atenção global para a necessidade de vigilância e resposta rápida para evitar a disseminação”, complementa Nascimento.

Sintomas
Os sintomas mais comuns da doença são febre, calafrios, dor de cabeça e dores no corpo, dor nas costas, cansaço, ínguas, feridas na pele (erupções cutâneas) e gânglios inchados (que comumente precedem a erupção característica da doença).

Em caso de suspeita da doença, é fundamental procurar imediatamente uma unidade de saúde e evitar o contato com outras pessoas.

Transmissão
Tradicionalmente, a mpox é transmitida principalmente por contato direto ou indireto com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou mucosas de animais infectados.

A transmissão secundária ou de pessoa a pessoa pode acontecer por contato próximo com secreções infectadas das vias respiratórias ou lesões na pele de uma pessoa infectada ou com objetos contaminados recentemente com fluidos do paciente ou materiais da lesão.

“Precisa ter cuidado com beijos e abraços em virtude da proximidade com as gotículas respiratórias, que também podem transmitir a doença. Cuidado também com o contato indireto por meio de objetivos contaminados, como roupas e roupas de cama”, destaca o reresentante do CRBM6, Thiago Nascimento.

A enfermidade também é transmitida por inoculação ou através da placenta (varíola dos macacos congênita). Por enquanto, não há evidência de que o vírus seja transmitido por via sexual.

Tratamento
Não há tratamento específico para a infecção pelo vírus da mpox. A atenção médica é usada para aliviar dores e demais sintomas e prevenir sequelas em longo prazo. Os sintomas costumam durar entre 2 a 4 semanas.

“Fique atento à piora dos sintomas ou aumento da quantidade de bolhas e feridas no corpo, além de problemas nos olhos, como inchaço e conjuntivite. Se houver erupção cutânea, é importante deixá-la secar ou cobrir com um curativo úmido para proteger a área, se necessário. Cuide da hidratação e faça isolamento. Evite tocar em feridas na boca ou nos olhos”, reforça o delegado do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná 6ª Região (CRBM6) em Londrina.

“É falsa a narrativa que associa a mpox como efeito colateral de vacinas contra a Covid-19. A infecção por mpox é causada por um vírus e não um efeito colateral de imunizantes”, completa o biomédico Thiago Nascimento.

Sobre o CRBM6
O Conselho Regional de Biomedicina do Paraná 6ª Região (CRBM6) é uma Autarquia Federal com jurisdição no Estado do Paraná.

A entidade é formada por mais de 5 mil profissionais. A sede fica em Curitiba e as delegacias regionais estão em Campo Mourão, Cascavel, Foz do Iguaçu, Londrina, Maringá, União da Vitória, Guarapuava, Umuarama, Guaíra e Ponta Grossa.

Os biomédicos atuam em mais de 30 atividades ligadas à saúde tais como acupuntura, análises clínica e ambiental, bromatológicas [avalia a qualidade dos alimentos], auditoria, banco de sangue, biofísica, biologia molecular, bioquímica, citologia oncótica, embriologia, estética, farmacologia, fisiologia, genética, hematologia, histologia, imunologia, imagenologia, informática da saúde, microbiologia, microbiologia de alimentos, monitoramento neurofisiológico transoperatório, parasitologia, patologia, perfusão, psicobiologia, radiologia, reprodução humana, sanitarista, saúde pública, toxicologia, virologia e outras áreas.

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