Indígenas do Paraná conquistam palco global com indicação ao Grammy Latino

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Indígenas Guarani Nhandewa de diferentes territórios do Paraná viveram um marco histórico ao serem indicados ao Grammy Latino 2024 na categoria Melhor Música Eletrônica. A faixa “Pedju Kunumingwe”, produzida em parceria com o DJ Alok, integra o álbum O Futuro é Ancestral e destaca a luta e a cultura dos povos originários brasileiros.

Dois representantes do Paraná, o cacique Everton Lourenço, da Terra Indígena Laranjinha, em Santa Amélia, e o músico Igor Camargo, conhecido como MC Nhandewa, estiveram em Miami para a cerimônia de premiação.

Uma parceria que nasceu na luta

A parceria com Alok começou em 2021, durante as mobilizações indígenas em Brasília contra o marco temporal. Na ocasião, o DJ visitou o acampamento dos povos originários e iniciou o contato com os Guarani Nhandewa.

“Ele nos convidou para gravar com ele e fechar com chave de ouro o álbum O Futuro é Ancestral”, relembra o cacique Everton. Após o encontro, o grupo viajou a Belo Horizonte para as gravações.

A letra de “Pedju Kunumingwe”, que significa “Venham, jovens!”, é um chamado às crianças para que escutem o sagrado canto dos pássaros. “Escolhemos um cântico que fala sobre os ensinamentos repassados pelos mais velhos aos mais jovens. É um chamado para os jovens ouvirem o canto dos pássaros sagrados, os ensinamentos da nossa cultura e a valorização da mãe terra”, explica Everton.

Apesar de não vencerem na categoria, os Guarani Nhandewa comemoraram o reconhecimento internacional. “Não ganhamos o prêmio, mas saímos vitoriosos. Nossa música chegou ao mundo, mostrando nossa resistência e nossa cultura”, celebra o cacique.

A presença no Grammy Latino vai além do âmbito musical. Para Everton, a indicação representa uma oportunidade de amplificar as demandas dos povos indígenas. “Nossas vozes muitas vezes são abafadas. Essa conquista mostra que, por meio da música, podemos resistir e levar nossas causas para o mundo”, afirma.

Os cânticos estão presentes no cotidiano Guarani Nhandewa, seja nas casas de reza, nas salas de aula ou nos centros culturais. A musicalidade, segundo Everton, é um caminho para fortalecer as novas gerações. “Incentivo nossos jovens a seguirem na música, a levarem nossas vozes e reivindicações para ecoar pelo mundo”, destaca.

Entre os jovens talentos, Igor Camargo, o MC Nhandewa, se destaca como promessa musical. Aos 19 anos, ele já participa de gravações e lançamentos, representando a juventude indígena. “O Igor é um exemplo para os nossos jovens. Ele simboliza o futuro da nossa música e da nossa cultura”, ressalta Everton.

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