Cirurgias minimamente invasivas devem beneficiar pacientes oncológicos do SUS no Paraná

Share

DOLÁR HOJE

Dólar: carregando...
Euro: carregando...
Libra: carregando...

Na região de Curitiba, o Hospital Angelina Caron, referência no tratamento de câncer, se prepara para ampliar o atendimento em seu ambulatório especializado em cirurgia laparoscópica para a rede pública

Pacientes oncológicos atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão mais próximos de contar com uma técnica cirúrgica moderna e menos invasiva. A inclusão da videolaparoscopia no rol de procedimentos financiados pela rede pública — oficializada pela Portaria GM/MS nº 5.776, de dezembro de 2024 — representa um avanço importante e permite que hospitais habilitados passem a oferecer esse tipo de abordagem com recursos do sistema. 

Entre eles, está o Hospital Angelina Caron (HAC), referência no tratamento da doença na Região Metropolitana de Curitiba, que conta com um ambulatório específico para estas técnicas desde o início de 2024 e se prepara para ampliar o acesso à videolaparoscopia também para os pacientes do SUS.

O ambulatório especializado em cirurgias minimamente invasivas do HAC, com foco em procedimentos laparoscópicos e robóticos, até então era voltado exclusivamente a pacientes de convênios e particulares. Agora, a expectativa é de que mais pessoas tenham acesso a tecnologias que oferecem benefícios expressivos em termos de segurança e recuperação, o que sempre foi o objetivo, de acordo com o médico Jorge Itsuo Fukushima.

“Nossa busca é oferecer a todos os pacientes esse serviço de excelência, diminuir a dor pós-operatória, melhorar a recuperação e o tempo de internação, diminuir danos cicatriciais e psicológicos em pacientes que sofrem com uma doença tão devastadora”, conta. “É um sonho que está sendo realizado após um trabalho iniciado há mais de 12 anos, após  conhecer um dos maiores centros de oncologia do mundo, o MD Anderson em Houston nos EUA”, completa.

Além das cirurgias oncológicas, o ambulatório realiza procedimentos minimamente invasivos nas áreas de cirurgia geral, bariátrica, cardiológica, ginecológica e urológica. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), entre 80% e 90% dos pacientes com câncer precisarão de cirurgia ao longo de seu tratamento, e aproximadamente 60% das chances de cura estão associadas ao sucesso da intervenção cirúrgica — o que torna ainda mais relevante a adoção de abordagens modernas e menos invasivas.

Tecnologia a serviço do cuidado

No ambulatório do HAC, cada paciente é avaliado por uma equipe multidisciplinar que leva em consideração o tipo e o estágio da doença, as condições clínicas e as necessidades específicas. “É muito importante destacar que temos uma equipe formada por enfermeiros, auxiliares técnicos, anestesistas, fisioterapeutas e instrumentadores altamente comprometidos com o objetivo”, explica Fukushima.

A partir de então, conta, define-se a melhor abordagem cirúrgica: laparoscópica, por meio de pequenas incisões e o uso de câmeras, ou robótica, com braços robóticos controlados pelo cirurgião. A cirurgia robótica, considerada uma evolução da laparoscópica, é indicada para casos que exigem maior precisão, pacientes com obesidade, múltiplas cirurgias prévias ou tumores muito grandes. Na oncologia, as especialidades que mais utilizam essas técnicas hoje são ginecologia e urologia, nos tratamentos de câncer de endométrio, colo de útero e próstata.

Para a coordenadora do Ambulatório de Cirurgia Minimamente Invaisva Ginecologia do HAC, a médica Audrey Tieko Tsunoda, proporcionar esse cuidado a pacientes SUS é uma mudança importante. “Trata-se de proporcionar a todos — independentemente da forma de acesso ao sistema de saúde — os benefícios de uma cirurgia com menor agressão, menos dor, alta hospitalar mais precoce e retorno mais rápido às atividades e aos tratamentos complementares, como quimioterapia e radioterapia”, destaca.

Próximos passos

Apesar dos desafios, como o alto custo de aquisição e manutenção dos equipamentos, a tendência é de que as cirurgias minimamente invasivas se tornem cada vez  mais presentes no SUS. “Essa é uma mudança que já está em curso e deve se consolidar nos próximos anos, especialmente em centros com experiência e estrutura adequada”, observa Audrey. 

No caso do Hospital Angelina Caron, o início do atendimento pelo SUS com cirurgia videolaparoscópica representa um marco importante para a saúde pública. “Será o primeiro passo para incorporar, de forma estruturada, abordagens menos invasivas ao sistema público, o que pode reduzir significativamente o impacto do câncer no Brasil”, conclui a especialista.

Mais lidas

DE TUDO UM POUCO