quarta-feira, julho 16, 2025

Cracolândia ‘desaparece’ da Rua dos Protestantes, mas usuários são vistos em outros pontos de SP

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A cena na Rua dos Protestantes, tradicional ponto da Cracolândia em Santa Ifigênia, mudou drasticamente nesta semana. O fluxo de usuários de drogas, antes intenso, praticamente sumiu, transformando a paisagem da região central de São Paulo. Mas para onde foram essas pessoas?

Moradores da área relatam que, apesar do esvaziamento do ponto original, os usuários se dispersaram para outras regiões da cidade. Áreas como o Minhocão, Santa Cecília e diversas avenidas agora registram um aumento na presença dessas pessoas, indicando uma possível migração do problema.

Comerciantes locais, abordados pela CNN, mostraram-se hesitantes em comentar o súbito desaparecimento dos usuários. Um deles chegou a mencionar que a saída ocorreu após “uma ordem”, mas se recusou a dar mais detalhes, deixando um clima de mistério no ar.

Em coletiva de imprensa, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) atribuiu o esvaziamento ao trabalho contínuo da prefeitura e do governo estadual, além da desarticulação do tráfico de drogas na região. “Surpreendeu, verdadeiramente, obviamente que a gente já vinha reduzindo gradativamente”, afirmou Nunes, demonstrando surpresa com a rapidez da mudança.

O prefeito também sugeriu que as ações da polícia na Favela do Moinho, que desarticularam o tráfico na área, podem ter contribuído para a dispersão. “A gente já tem pré-informações de que existe uma movimentação para um outro local e o que que a gente vai estar fazendo? Como a gente está fazendo desde 2022. É trabalho todo dia”, explicou.

O vice-prefeito, Coronel Mello Araújo, comemorou a redução do fluxo nas redes sociais, parabenizando a atuação da GCM e de outras forças de segurança. Em postagens polêmicas, ele chegou a afirmar que “a imprensa está inconformada porque não há dependentes químicos”, acompanhando as declarações com imagens de suas próprias abordagens a usuários na região.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) divulgou nota detalhando as ações que levaram à “redução expressiva do número de pessoas na área entre a Rua dos Protestantes e a General Couto Magalhães”. O secretário Guilherme Derrite enfatizou o foco no “combate ao tráfico de drogas desde o início da gestão”, que teria “asfixiado financeiramente o crime organizado, desestabilizando a estrutura que mantinha o fluxo”.

As medidas implementadas pela SSP incluíram apreensões de drogas, prisões de lideranças, fechamento de estabelecimentos usados para lavagem de dinheiro, reforço no policiamento e intensificação de investigações. A secretaria também apontou para a queda nos índices de criminalidade na região central em 2024: roubos diminuíram 43,9% e furtos, 28,8% em comparação com o ano anterior.

Em contrapartida, o movimento social A Craco Resiste denuncia uma nova onda de violência por parte da Guarda Civil Metropolitana (GCM) como a principal causa do esvaziamento da Rua dos Protestantes. O movimento alega que a gestão municipal, em parceria com o governo estadual, estaria reeditando a política da “Operação Dor e Sofrimento” de 2012, dispersando usuários “na pancada”.

Relatos colhidos pelo projeto de extensão universitária do A Craco Resiste, em parceria com a USP e a Unifesp, indicam um aumento da violência nas abordagens da GCM, com relatos de agressões, uso de spray de pimenta e apropriação de pertences. O movimento critica as dificuldades de acesso à água, revistas vexatórias e humilhações, classificando a situação como “tortura a céu aberto”. A CNN solicitou um posicionamento da Prefeitura de São Paulo e aguarda retorno.

Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br

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