No Brasil, as doenças cardiovasculares lideram as causas de morte, e o tabagismo se destaca como um dos principais fatores de risco. Em 2023, o país registrou mais de 105 mil óbitos por Acidente Vascular Cerebral (AVC), conforme dados do Datasus. Quando somamos esses números aos casos de infarto agudo do miocárdio, emerge uma epidemia silenciosa que afeta pessoas de todas as idades, tendo o cigarro como um dos seus maiores vilões.
O tabagismo triplica o risco de infarto ou AVC, comparado a não fumantes, conforme demonstram diversos estudos. Jovens adultos têm sido cada vez mais afetados, engrossando as estatísticas de hospitalizações e óbitos precoces. No Brasil, o tabagismo está associado a aproximadamente 25% dos casos de infarto agudo do miocárdio e quase metade dos derrames cerebrais. O fumo passivo também eleva o risco cardiovascular, afetando aqueles que não fumam, mas inalam a fumaça.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o tabagismo cause cerca de 8 milhões de mortes anuais no mundo. No Brasil, o tabaco é responsável por cerca de 440 mortes diárias relacionadas a doenças associadas ao fumo, incluindo infarto e AVC. Estatísticas recentes revelam a gravidade do problema, com 105.173 óbitos por AVC no Brasil em 2023, e infarto e AVC como as principais causas de morte nos anos de 2022 e 2023. Mundialmente, o tabagismo mata 8 milhões de pessoas por ano, incluindo 1 milhão de não fumantes expostos ao fumo passivo.
A nicotina, presente nos cigarros, age rapidamente no organismo, atingindo o cérebro em segundos e desencadeando efeitos que causam estragos duradouros no coração e sistema circulatório. Ela aumenta a pressão arterial, acelera o coração e contrai os vasos sanguíneos. Além disso, contribui para o aumento do colesterol LDL e a redução do HDL, facilitando a formação de placas de gordura nas artérias.
Os cigarros eletrônicos (vapes) também representam uma preocupação crescente. O líquido desses dispositivos contém nicotina em doses superiores ao cigarro tradicional, além de substâncias como formaldeído e acroleína. “Jovens usuários de vape têm maior risco de dependência, aumento da pressão arterial e frequência cardíaca elevada, além de casos já documentados de infarto e doenças pulmonares inflamatórias”, alertam especialistas.
Apesar dos riscos, os efeitos do tabagismo podem ser revertidos com mudança de hábitos e apoio profissional. Cardiologistas recomendam parar de fumar, buscar apoio profissional, alimentar-se bem, praticar exercícios, e controlar a pressão, o colesterol e os níveis de glicose. Parar de fumar é sempre possível, e o risco cardiovascular começa a cair nas primeiras horas sem cigarro.
O tabagismo, seja tradicional ou eletrônico, gera altos custos ao sistema de saúde e compromete a qualidade de vida das famílias. O SUS gasta bilhões de reais por ano com internações e tratamentos relacionados ao cigarro. O futuro da saúde do coração dos brasileiros depende das decisões de hoje. Parar de fumar é possível, e os benefícios são acumulativos. O desafio está em educar, conscientizar e incentivar a busca por ajuda. O coração agradece.
*Texto escrito pelo cardiologista clínico e intervencionista Rodrigo Almeida Souza (CRM-PA 7926 | RQE 4130 / 4137), membro da Brazil Health*
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br