Em suas últimas semanas no cargo, o presidente do Federal Reserve da Filadélfia, Patrick Harker, sinalizou que a possibilidade de cortes nas taxas de juros ainda não está descartada para 2024. A declaração, feita em entrevista à Reuters, surge em meio a um cenário econômico global incerto e crescente preocupação com a precisão dos dados que orientam as decisões do Fed. Harker, que se aposenta no final de junho, expressou cautela sobre o futuro da política monetária americana.
“É possível, eu jamais a descartaria”, afirmou Harker ao ser questionado sobre a flexibilização da política monetária. Ele ponderou que, caso a inflação mostre sinais de estabilidade e o desemprego aumente, um ou mais cortes nas taxas seriam “definitivamente” considerados. No entanto, ressaltou que o quadro permanece indefinido e qualquer previsão seria prematura.
A próxima reunião do Fed está agendada para os dias 17 e 18 de junho, com a expectativa geral de manutenção das taxas de juros no intervalo entre 4,25% e 4,50%. Harker, que não terá poder de voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) em 2025, destacou que a política comercial de Donald Trump, marcada por tarifas de importação elevadas, pode impulsionar a inflação e prejudicar o mercado de trabalho.
O dirigente também manifestou apreensão com a qualidade dos dados econômicos, enfatizando que os números “não são bons, não estão melhorando”. Segundo Harker, a imprecisão dos dados, incluindo aqueles produzidos pelo governo, dificulta a tomada de decisões e deixa os formuladores de políticas “meio às cegas”. Sua preocupação ganha relevância diante de relatos de cortes de recursos para a compilação do índice de preços ao consumidor, um indicador fundamental monitorado pelo Fed.
Olhando para o futuro, Harker enfatizou a necessidade de o Fed aprimorar a comunicação sobre suas capacidades e limitações, a fim de evitar expectativas irrealistas e proteger sua independência. “Há uma sensação de que o Fed é um ser todo-poderoso que controla a sua vida, o que não é verdade”, alertou. Ele também defendeu o uso moderado da compra de títulos e do balanço patrimonial para auxiliar a economia, acompanhado de explicações claras sobre as medidas adotadas. Harker ainda alertou sobre os riscos crescentes dos déficits governamentais, afirmando que “o tempo para agir está se esgotando”.
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