domingo, junho 8, 2025

Mensalão: Duas Décadas do Escândalo que Abalou a Política Brasileira

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Vinte anos se passaram desde que o escândalo do Mensalão veio à tona, marcando profundamente a história política do Brasil. No entanto, as primeiras suspeitas de um esquema de compra de apoio político em Brasília já circulavam nos bastidores desde o ano anterior, prenunciando a crise que se avizinhava.

Em setembro de 2004, o então Jornal do Brasil publicou uma reportagem com a denúncia de Miro Teixeira sobre pagamento de propina a deputados em troca de apoio político. Embora o ex-ministro das Comunicações tenha negado as informações, a semente da desconfiança já havia sido plantada. “Miro denuncia propina no Congresso”, estampava a manchete da época.

O escândalo ganhou proporções maiores em maio de 2005, quando a revista Veja divulgou um vídeo revelador. As imagens mostravam Maurício Marinho, funcionário dos Correios, detalhando um esquema de corrupção na estatal e mencionando o nome de Roberto Jefferson, então presidente do PTB.

Foi a partir de uma entrevista de Roberto Jefferson à Folha de S. Paulo que o termo “Mensalão” se popularizou. O parlamentar descreveu um esquema de pagamento de propinas a deputados de diversos partidos, incluindo PT, PL e PTB, em troca de votos favoráveis aos projetos do governo Lula. Segundo Jefferson, o dinheiro irrigava os cofres dos partidos para garantir a governabilidade.

A repercussão das denúncias foi imediata e intensa em Brasília, culminando na instauração de processos por quebra de decoro parlamentar na Câmara, na criação de CPIs no Congresso e em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF). As investigações e o julgamento se tornaram marcos na cobertura jornalística em tempo real e na mobilização da opinião pública.

Apesar do desgaste na imagem do governo, com a queda de figuras importantes como José Dirceu, então ministro da Casa Civil, Lula conseguiu se reeleger no ano seguinte, derrotando Geraldo Alckmin, na época no PSDB. O episódio demonstra a complexidade do cenário político e a capacidade de recuperação do governo mesmo diante de crises graves.

Ao final das investigações no Congresso, foram solicitadas as cassações de 18 deputados envolvidos no Mensalão. Contudo, apenas Roberto Jefferson, José Dirceu e Pedro Corrêa perderam seus cargos e direitos políticos por oito anos. Outros, como Valdemar Costa Neto, renunciaram antes que os processos de cassação fossem abertos, numa tentativa de minimizar os danos.

Em 2006, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao STF uma denúncia formal contra 40 pessoas supostamente envolvidas no esquema. No ano seguinte, o STF transformou o processo em ação penal, e os acusados passaram a responder como réus perante a Justiça.

O julgamento do Mensalão teve início em 2 de agosto de 2012, marcado por tensões e debates acalorados. O advogado Márcio Thomaz Bastos solicitou o desmembramento do processo, com o apoio do então ministro revisor Ricardo Lewandowski, o que gerou protestos do relator, ministro Joaquim Barbosa. A estratégia da defesa, no entanto, não obteve sucesso.

No dia seguinte, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, iniciou o julgamento com a leitura da denúncia. Os advogados de defesa argumentaram que se tratava de caixa 2, e os ministros decidiram votar por núcleos para facilitar o processo. Foram analisados o núcleo operacional, liderado por Marcos Valério, o núcleo financeiro, envolvendo o Banco Rural e o BMG, e o núcleo político, integrado por Dirceu, Genoíno e Delúbio, entre outros. Após mais de 50 sessões, 24 dos 38 réus foram condenados, selando um capítulo importante na história da Justiça brasileira.

Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br

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