Uma planejada troca de prisioneiros de guerra entre a Rússia e a Ucrânia foi abortada neste sábado, com cada lado culpando o outro pelo fracasso. Moscou acusa Kiev de adiar a troca no último momento, enquanto autoridades ucranianas rejeitam a alegação, classificando-a como “jogos sujos” por parte do Kremlin.
A Rússia alega que a Ucrânia adiou inesperadamente a transferência, que envolveria tanto prisioneiros de guerra quanto corpos de soldados mortos. Segundo Moscou, mais de 1.200 corpos de soldados ucranianos permaneceram em caminhões frigoríficos no ponto de troca, aguardando em vão a chegada das autoridades ucranianas.
Kiev, por sua vez, contesta a versão russa, afirmando que o acordo inicial previa a troca de soldados gravemente feridos e recrutas jovens neste sábado. A Ucrânia afirma que a repatriação dos corpos dos soldados seria tratada em uma data posterior, ainda a ser definida.
A expectativa de uma nova troca de prisioneiros havia sido gerada após a segunda rodada de negociações de paz diretas em Istambul, onde ambos os lados concordaram em realizar uma nova operação neste fim de semana. Vladimir Medinsky, chefe da delegação russa, chegou a anunciar que esta seria a maior troca desde o início do conflito.
Medinsky afirmou que a Rússia iniciou uma “operação humanitária” para transferir mais de 6.000 corpos de militares ucranianos mortos, além de soldados feridos com menos de 25 anos. Segundo ele, o grupo de contato do Ministério da Defesa russo aguardava na fronteira, mas Kiev adiou a transferência “por tempo indeterminado”, apresentando “motivos bastante estranhos”.
A Ucrânia respondeu de forma contundente, rejeitando as acusações e afirmando que as declarações de Medinsky “não correspondem à realidade”. O Quartel-General de Coordenação para o Tratamento de Prisioneiros de Guerra da Ucrânia acusou a Rússia de “manipulações e tentativas de usar questões humanitárias sensíveis para fins de propaganda”, pedindo que Moscou “pare de jogar sujo”.
O Ministério da Defesa da Ucrânia vai além, acusando a Rússia de criar “obstáculos artificiais” e fazer “declarações falsas” para atrapalhar a troca de prisioneiros vivos, em violação aos acordos firmados em Istambul. Segundo o ministério, o lado ucraniano “enfrentou mais uma tentativa de descumprimento dos acordos após o fato consumado”.
Embora as trocas de prisioneiros de guerra tenham sido um raro ponto de convergência entre os dois países em guerra, o fracasso da operação planejada para este sábado expõe a profunda desconfiança que continua a minar as negociações de paz. O impasse ocorre em meio a novos ataques aéreos russos contra a Ucrânia, que resultaram na morte de civis.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br
