Esqueça a imagem tradicional associada ao “tijolo de maconha”. Um projeto inovador em Minas Gerais busca explorar o potencial integral da cannabis, transformando a planta em soluções que vão além do uso medicinal, alcançando até a construção civil.
A iniciativa, liderada pela Unidade Embrapii Fibras Florestais da Universidade Federal de Viçosa (UFV), visa a produção industrial em larga escala, aproveitando 100% da cannabis para fins medicinais e industriais. A planta, que tem ganhado espaço no Brasil para o tratamento de diversas condições de saúde, desde convulsões até dores crônicas, agora pode ter um aproveitamento ainda maior.
A autorização judicial para o cultivo foi concedida em fevereiro de 2024, e em apenas quatro meses, o projeto clonou mais de 4 mil mudas a partir de apenas 14 sementes, criando um dos maiores jardins clonais de cannabis do mundo. “Com mais plantas, os medicamentos devem ficar mais baratos e as pessoas com menor renda vão ter acesso aos remédios”, explica o professor da UFV Glêison Santos, ressaltando o potencial econômico bilionário para o país e o mercado de exportação.
O projeto busca eliminar o desperdício, aproveitando caule, folhas e raízes, que representam 85% da biomassa da cannabis e podem ser usados na indústria. Na construção civil, por exemplo, os resíduos podem ser transformados em hempcrete, um tipo de tijolo sustentável, substituindo o concreto em diversas aplicações. A fibra da cannabis também pode ser utilizada para produzir celulose de alta qualidade, impulsionando a fabricação de papel.
Com um investimento total de R$ 932 mil, o projeto mineiro almeja estabelecer um novo modelo de cultivo em larga escala, com potencial para exportação a países como China, EUA, Canadá e membros da União Europeia. “Nos últimos anos, estamos descobrindo aplicações realmente interessantes do ponto de vista médico para a cannabis e precisamos voltar mais nossa atenção a este potencial”, afirmou o geriatra Felipe Gusman, do Hospital Copa Star, destacando a eficácia dos extratos de cannabis no manejo de sintomas da dor e outros desconfortos em pacientes oncológicos. O mercado de cannabis medicinal no Brasil já movimentou R$ 399 milhões em 2024, e a expectativa é que atinja R$ 860 milhões até 2027.
Fonte: http://www.metropoles.com