O Supremo Tribunal Federal (STF) será palco, nesta segunda-feira (9), de um encontro crucial: o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, se encontrarão para prestar depoimento sobre as acusações de tentativa de golpe de Estado em 2022. A diligência ocorre após a delação premiada de Cid, na qual ele implicou Bolsonaro no planejamento da suposta ação golpista, gerando grande expectativa em torno dos desdobramentos. Este será o primeiro encontro público entre os dois desde a prisão de Cid em maio de 2023, no âmbito do caso da falsificação de cartões de vacina.
A relação outrora próxima entre Bolsonaro e Cid, oficial do Exército com mais de 20 anos de carreira, é agora o centro das atenções. Cid, que atuou como braço-direito do ex-presidente durante seu governo, foi afastado de suas funções militares por determinação judicial em 2023. As investigações da Polícia Federal e a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) apontam o tenente-coronel como um dos principais articuladores do plano que visava manter Bolsonaro no poder, inclusive com a utilização do chamado “Plano Punhal Verde e Amarelo”.
Segundo a denúncia, o plano previa a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin. A gravidade das acusações elevou a importância do depoimento conjunto de Bolsonaro e Cid, que, segundo fontes, sentarão na primeira fileira da sala de sessões da Primeira Turma do STF, juntamente com outros réus como Anderson Torres e Augusto Heleno. Braga Netto, também réu, participará do interrogatório por videoconferência devido à sua prisão desde dezembro de 2024.
Na delação, que se tornou pública em fevereiro, Mauro Cid declarou que seu “mundo” era Bolsonaro e que sempre esteve a serviço do Partido Liberal (PL). “O meu mundo era o presidente, o meu mundo de ação era o presidente, eu estou falando a verdade aqui”, afirmou Cid, detalhando a proximidade e a influência do ex-presidente em suas ações. O colaborador também relatou a realização de reuniões com militares de alto escalão e integrantes do governo da época para discutir medidas para manter Jair Bolsonaro no poder, incluindo o controverso plano.
A PGR acusa Bolsonaro, Cid e os demais réus por cinco crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Apenas Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-chefe da Abin, responde por três crimes, tendo as acusações reduzidas após decisão da Câmara dos Deputados, mas mantidas pelo STF por entender que os crimes teriam sido cometidos antes de Ramagem assumir o mandato parlamentar. A expectativa é que os depoimentos desta segunda-feira lancem luz sobre os eventos que culminaram nas acusações de tentativa de golpe e definam o futuro dos envolvidos no caso.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br