segunda-feira, junho 9, 2025

Paralisia do Sono: O Que Explica as Visões Aterrorizantes de ‘Demônios’?

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Imagine acordar, consciente do seu entorno, mas preso em seu próprio corpo. A experiência, real para muitos, é conhecida como paralisia do sono, um fenômeno que pode ser acompanhado de alucinações vívidas e aterrorizantes, frequentemente interpretadas como presenças malignas. Baland Jalal, hoje pesquisador em Harvard, viveu essa experiência na pele e dedicou sua carreira a desvendar os mistérios por trás dessa condição intrigante.

O relato de Jalal, que descreve a sensação de ser estrangulado por uma força sombria, não é incomum entre aqueles que sofrem de paralisia do sono. Estima-se que até 30% da população mundial experimente pelo menos um episódio ao longo da vida. Mas por que algumas pessoas vivenciam essas alucinações tão intensas e aterrorizantes?

A paralisia do sono ocorre durante as transições entre o sono REM (fase dos sonhos) e a vigília. Segundo Matthew P. Walker, diretor do Centro de Ciência do Sono Humano da Universidade da Califórnia, em Berkeley, o cérebro desperta antes que o corpo se liberte da paralisia natural induzida pelo sono REM, criando um “engarrafamento” neurológico. Essa dissociação entre a mente desperta e o corpo paralisado é a base para as experiências bizarras e, por vezes, assustadoras.

As alucinações, que afetam cerca de 40% das pessoas com paralisia do sono, são frequentemente visuais, auditivas ou táteis. Jalal explica que, para a maioria, essas alucinações são aterrorizantes, envolvendo figuras fantasmagóricas ou criaturas ameaçadoras. A interpretação dessas visões, no entanto, pode variar culturalmente, com algumas sociedades atribuindo-as a causas sobrenaturais, enquanto outras adotam explicações mais racionais.

A ciência por trás dessas alucinações reside na atividade cerebral durante a paralisia do sono. A tentativa frustrada de se mover, combinada com a menor atividade no córtex pré-frontal (responsável pela lógica), leva o cérebro a criar uma narrativa para explicar as sensações incomuns. Walker complementa que a amígdala, o centro de alarme emocional do cérebro, amplifica essas experiências, tornando-as extremamente realistas e carregadas de medo.

Embora as causas exatas da paralisia do sono ainda sejam objeto de estudo, fatores como estresse, ansiedade, privação de sono e horários irregulares de sono são conhecidos por aumentar o risco. Distúrbios do sono subjacentes, como narcolepsia e apneia obstrutiva do sono, também podem contribuir para a ocorrência de episódios. A boa notícia é que, apesar de assustadora, a paralisia do sono não é considerada perigosa.

Apesar de não ser perigosa, a paralisia do sono frequente pode indicar um distúrbio do sono subjacente. Além disso, os episódios recorrentes e aterrorizantes podem gerar ansiedade em relação ao sono e, em casos extremos, até sintomas de trauma. Felizmente, existem formas de controlar e aliviar a paralisia do sono.

O tratamento da paralisia do sono geralmente envolve a adoção de hábitos saudáveis de sono, como manter uma rotina regular e garantir de sete a nove horas de sono de qualidade por noite. O controle do estresse, através de técnicas de relaxamento e terapias, também é fundamental. Em casos mais graves, medicamentos como antidepressivos podem ser prescritos para regular o ciclo do sono.

Jalal, com base em sua própria experiência, desenvolveu uma “terapia de relaxamento meditativo” que demonstrou reduzir a frequência da paralisia do sono. A terapia envolve reavaliar cognitivamente o significado do ataque, distanciar-se emocionalmente do episódio, focar em algo positivo e relaxar os músculos, evitando a tentativa de se mover. “Encarar a biologia do próprio corpo de forma mais objetiva – aprendendo mais sobre a base científica da paralisia do sono – também ajuda a lidar com o fenômeno”, conclui Jalal.

Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br

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