sexta-feira, junho 13, 2025

A Neuroquímica do Amor: Como a Paixão Transforma seu Cérebro

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Coração acelerado, mãos suando, e aquele frio no estômago: os sinais clássicos da paixão revelam uma intensa atividade neurobiológica. Ao pensar ou encontrar a pessoa amada, o corpo reage, desencadeando uma cascata de substâncias químicas no cérebro. Este turbilhão hormonal altera profundamente nossa percepção e comportamento, como explica o neurocientista Leandro Freitas Oliveira.

Oliveira, doutor em neurologia e neurociências pela Universidade Católica de Brasília (UCB), detalha como hormônios como dopamina, ocitocina, vasopressina, adrenalina e serotonina orquestram essa experiência. Cada um desses neurotransmissores desempenha um papel crucial, desde o entusiasmo inicial até a formação de vínculos duradouros. A paixão, portanto, é muito mais do que um sentimento: é uma revolução química.

A dopamina, associada ao prazer e à motivação, inunda o cérebro no início da paixão, gerando foco intenso e energia direcionada à pessoa amada. A ocitocina, conhecida como o hormônio do vínculo, fortalece o apego emocional através do contato físico e do cheiro. Já a vasopressina atua na fidelidade a longo prazo, especialmente nos homens, solidificando o compromisso.

“Exames de imagem mostram que, quando vemos a pessoa amada, há ativação em regiões relacionadas ao sistema de recompensa, motivação, foco e prazer”, explica Oliveira. Paralelamente, o córtex pré-frontal, responsável pelo pensamento crítico, tem sua atividade reduzida. Esse efeito explica a tendência de idealizar o parceiro e minimizar seus defeitos, tornando os apaixonados mais suscetíveis a comportamentos impulsivos.

Essa “desconexão” do pensamento racional leva a atitudes impensadas, como tatuagens com nomes de parceiros ou longas conversas telefônicas. “A paixão nos deixa primitivos e inconsequentes”, resume Oliveira. No entanto, mesmo a distância física não impede os efeitos da paixão. Mensagens, fotos ou o perfume da pessoa amada são gatilhos potentes para a liberação de dopamina e ocitocina, mantendo o apaixonado em estado de alerta e ansiedade.

A paixão também altera a percepção da realidade. “A dopamina altera a maneira como interpretamos estímulos, e tudo pode parecer mais belo, mais interessante, mais expressivo”, afirma o especialista. Essa intensificação da experiência cotidiana contribui para o aumento da esperança, da criatividade e da disposição para correr riscos.

Contudo, essa tempestade hormonal não é eterna. Do ponto de vista neurobiológico, a paixão tem um prazo de validade natural, que varia entre 12 e 24 meses. “O cérebro busca estabilidade. Manter-se em um estado de alerta constante é biologicamente custoso”, explica Oliveira, ressaltando que a privação de sono e a alimentação inadequada são consequências comuns da paixão intensa.

O fim da paixão, no entanto, não significa o fim do amor. Com a diminuição da intensidade hormonal, a ocitocina e a vasopressina assumem o protagonismo, sustentando um amor mais calmo e duradouro, baseado na fidelidade e no apego. Assim, a paixão pode evoluir para um amor mais maduro e menos impulsivo, consolidando um relacionamento a longo prazo.

Fonte: http://www.metropoles.com

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