terça-feira, junho 17, 2025

Noites Inquietas: Síndrome que Atrapalha o Sono e Exige Atenção

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O drama de Karla Dzienkowski começou quando sua filha, ainda criança, passou a reclamar de dores lancinantes nas pernas, impedindo-a de dormir. A necessidade de se movimentar para aliviar o desconforto transformou as noites em um pesadelo para a família.

Irritabilidade, cansaço e queda no rendimento escolar foram apenas algumas das consequências enfrentadas pela menina. A exaustão era tanta que ela chegou a dormir em um banco durante um passeio familiar. A saga em busca de um diagnóstico durou longos três anos, até a confirmação da síndrome das pernas inquietas (SPI).

A SPI, segundo um estudo, afeta de 4% a 29% dos adultos em países industrializados. Apesar da prevalência, muitos desconhecem a condição, e nem todos os médicos estão preparados para diagnosticá-la e tratá-la adequadamente, conforme relata Dzienkowski, que é enfermeira e diretora da Restless Legs Syndrome Foundation.

Mas, afinal, o que é a síndrome das pernas inquietas? De acordo com John Winkelman, especialista em distúrbios do sono da Harvard Medical School, trata-se de um distúrbio neurológico caracterizado por uma necessidade irresistível de mover as pernas, acompanhada de sensações desconfortáveis, como formigamento, dor ou pulsação.

Os sintomas tendem a piorar durante o repouso, principalmente à noite, o que frequentemente leva a distúrbios do sono. Brian Koo, neurologista da Yale School of Medicine, explica que, em casos mais graves, a SPI pode atrasar o sono por horas, impactando significativamente a qualidade de vida do indivíduo.

A genética e os níveis de ferro no organismo desempenham um papel crucial no desenvolvimento da SPI. Winkelman aponta que a condição é frequentemente observada em famílias, com marcadores genéticos respondendo por cerca de 20% da predisposição. A deficiência de ferro também aumenta a probabilidade de desenvolver a síndrome, especialmente em gestantes, pacientes em diálise, mulheres em período menstrual e vegetarianos.

Para amenizar os sintomas, a investigação de fatores agravantes é fundamental. Álcool, certos medicamentos e excesso de açúcar podem contribuir para o desconforto, alerta Koo. A suplementação de ferro, quando necessário, pode ser uma importante aliada no tratamento.

Além disso, Dzienkowski sugere a criação de uma “sacola de truques” com medidas que proporcionem alívio, como compressas quentes ou frias, massagens, caminhadas e atividades que estimulem a mente. “Manter a mente ocupada ajuda a afastar os sintomas”, garante.

Em casos mais persistentes, o uso de medicamentos pode ser necessário. Koo explica que muitos médicos iniciam o tratamento com ligantes alfa2-delta, como gabapentina ou pregabalina. Agonistas da dopamina, antes amplamente utilizados, são hoje prescritos com cautela, devido ao risco de piora da síndrome a longo prazo. Opioides de baixa dose podem ser considerados em situações mais extremas.

Diante de desconfortos que levam à necessidade de mover as pernas em repouso, especialmente se o sono estiver comprometido, a busca por orientação médica é essencial. Dzienkowski enfatiza a importância de procurar um especialista em sono e realizar exames laboratoriais, incluindo a avaliação dos níveis de ferro e ferritina. “Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor”, conclui, ressaltando que adiar o tratamento pode impactar negativamente a vida do paciente.

Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br

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