O Banco Central (BC) está lançando um sistema de “autoatendimento” no Mecanismo Especial de Devolução (MED) para aumentar a eficácia na recuperação de valores desviados em golpes do Pix. A medida visa simplificar o processo de contestação para os usuários, permitindo que reportem fraudes diretamente por meio dos aplicativos bancários. Atualmente, apenas as instituições financeiras podem notificar o BC sobre irregularidades, o que acaba prolongando o tempo de resposta e dificultando a recuperação dos valores.
Os dados atuais do MED revelam um cenário preocupante: apenas 31% dos 5 milhões de pedidos de devolução foram aceitos, resultando na recuperação de menos de 7% do montante total desviado, que soma R$ 6,98 bilhões. Até o momento, foram devolvidos R$ 459 milhões. Uma das maiores dificuldades enfrentadas é que o BC rastreia apenas a primeira conta que recebe o dinheiro, enquanto as quadrilhas especializadas dispersam os valores rapidamente, dificultando o rastreamento completo.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou que a nova ferramenta tornará o processo de contestação mais simples e acessível. A expectativa é que a atualização do MED aumente a taxa de aceitação das solicitações de devolução. As instituições financeiras têm até 1º de outubro para implementar a nova funcionalidade. O Bradesco já se adiantou, permitindo que seus clientes contestem transações fraudulentas diretamente pelo extrato.
Marcos Cavagnoli, diretor de produtos de pagamento do Bradesco, ressaltou que a ampliação do rastreamento no MED facilitará a identificação e o combate às fraudes. Segundo Luiz Henrique Sá, diretor da fintech Dock, a versão 2.0 do MED tem potencial para elevar a taxa de aceitação das solicitações para até 80%. No entanto, ele alerta que ainda haverá perdas financeiras devido às estratégias sofisticadas utilizadas pelos criminosos.
O Banco Central determina que, ao contestar um Pix, os bancos devem esclarecer as regras e etapas do processo, além de informar o prazo máximo para a devolução. Os clientes devem ser questionados sobre o tipo de golpe sofrido, com opções de resposta definidas pelo BC. Adicionalmente, as instituições financeiras devem fornecer informações como o número do protocolo da solicitação e o prazo máximo para resposta, garantindo transparência e eficiência no processo.
Fonte: http://jovempan.com.br