terça-feira, junho 17, 2025

Corpos Musculosos nas Redes Sociais: A Obsessão Que Dispara Transtornos Alimentares

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A busca incessante pelo corpo perfeito, impulsionada pela exposição constante de físicos musculosos nas redes sociais, tem levantado sérias preocupações. O que antes era restrito a atletas e fisiculturistas, agora se tornou uma aspiração popular, alimentando uma pressão crescente para alcançar um ideal estético muitas vezes inatingível. Essa tendência, aparentemente saudável, coincide com o surgimento de um novo tipo de transtorno alimentar.

O artigo, escrito pela professora de psicologia Alison Fixsen, da Universidade de Westminster, no Reino Unido, e publicado na plataforma The Conversation Brasil, explora o “comer transtornado orientado para a muscularidade” (Mode). Este comportamento se manifesta através de hábitos alimentares disfuncionais, motivados por um foco excessivo no ganho de massa muscular magra, incluindo o uso excessivo de suplementos, dietas restritivas e controle rigoroso de macronutrientes.

Ao contrário de distúrbios alimentares mais conhecidos, como anorexia e bulimia, o Mode está diretamente ligado à obsessão pela muscularidade, afetando principalmente homens jovens. No entanto, como outras formas de transtornos alimentares, ele pode comprometer a vida social, prejudicar relacionamentos e impactar negativamente o bem-estar emocional.

As redes sociais exercem um papel crucial nesse cenário. Embora possam oferecer informações úteis sobre saúde e fitness, seus algoritmos tendem a amplificar conteúdos que exibem corpos extremos e visualmente impactantes. Plataformas como Instagram e TikTok estão repletas de “fitspiration”, que, apesar da intenção de motivar hábitos saudáveis, muitas vezes priorizam a aparência em detrimento da saúde.

Essas representações idealizadas podem gerar insatisfação com a própria imagem corporal, aumentar a obsessão por músculos e, em casos extremos, levar a distúrbios alimentares. Influenciadores digitais, ao promoverem padrões corporais inatingíveis e estilos de vida insustentáveis, contribuem para a disseminação de hábitos alimentares extremos, incluindo o uso de suplementos e, em alguns casos, esteroides anabolizantes. “Essas representações altamente selecionadas de corpos idealizados e musculosos não apenas reforçam ideais corporais irrealistas, como também podem fomentar insatisfação com a imagem corporal”, destaca Fixsen.

A preocupação com o crescimento muscular está em ascensão. Estudos indicam que uma parcela significativa de jovens adultos apresenta comportamentos compatíveis com o Mode, especialmente entre universitários, que são particularmente vulneráveis devido ao alto uso de redes sociais e à autonomia recente na escolha da dieta.

O Mode está associado a diversos riscos físicos e mentais. Além de padrões alimentares desordenados, como compulsão alimentar e ortorexia nervosa (a obsessão por “alimentação saudável”), o uso excessivo de suplementos proteicos pode acarretar problemas de saúde. “Embora seja verdade que seu corpo necessita de mais proteína quando você está mais ativo, nem todos os produtos para ganho de massa muscular são necessariamente saudáveis”, alerta a especialista.

Em nível social e emocional, o Mode pode levar ao isolamento, com a pessoa priorizando a dieta e o treinamento físico em detrimento de outras áreas da vida. Reconhecer o Mode como uma preocupação de saúde pública é fundamental para promover uma cultura fitness mais saudável e inclusiva. É essencial que escolas, academias e profissionais da área estejam atentos aos sinais e riscos associados a essa obsessão pela muscularidade.

Fonte: http://www.metropoles.com

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