O tenente-coronel Mauro Cid, peça-chave na ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, revelou em áudios um sentimento de abandono e falta de suporte em meio às investigações. As gravações foram divulgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (16), lançando nova luz sobre o estado de espírito do militar.
A divulgação ocorre após a revista Veja publicar capturas de tela de mensagens supostamente trocadas por Cid, através de um perfil no Instagram, com um interlocutor não identificado. O advogado Eduardo Kuntz, que atua na defesa de outro réu no processo, informou ao STF ter mantido conversas com Cid na mesma plataforma nos primeiros meses de 2024.
De acordo com os autos, as conversas teriam ocorrido enquanto as investigações da Polícia Federal estavam em andamento e Cid estava proibido de manter contato ou usar redes sociais. Em um dos áudios, o tenente-coronel demonstra pessimismo em relação ao apoio político que poderia receber: “Ah, é porque não tem apoio nenhum, zero, quem vai me apoiar? Rogério Marinho? Não vai. Os deputados e senadores de direita? Não vão me apoiar. E quem vai me apoiar, o povo?”.
Cid também comentou sobre a proposta de anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, mostrando descrença em sua efetividade. “Para pra pensar um pouquinho, o presidente [Jair Bolsonaro] colocou mais de um milhão de pessoas na Paulista, o que mudou? Nada, zero. Os ministros falaram que não vai ter anistia, o próprio Rodrigo Pacheco falou que não vai ter anistia, e aí? Nada”.
Em contrapartida, a defesa de Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada na ação penal do plano de golpe, contesta a autenticidade das mensagens atribuídas ao militar. Segundo a defesa, as conversas divulgadas pela revista não seriam verdadeiras, e medidas serão tomadas junto ao STF para esclarecer a situação.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br
