O Irã elevou a tensão em torno de seu programa nuclear ao ameaçar processar o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi. A ameaça surge em meio a acusações de que Grossi não agiu diante dos recentes ataques de Israel às instalações nucleares iranianas. A escalada ocorre em um momento crítico, intensificando as preocupações sobre a segurança das instalações nucleares na região.
A Organização de Energia Atômica do Irã, liderada por Mohammad Eslami, expressou sua insatisfação por meio de uma carta divulgada pela agência de notícias Fars. Eslami criticou Grossi por sua suposta “inação” em relação aos ataques israelenses, que teriam como alvo a instalação nuclear de Arak. O Irã considera essa omissão uma violação das responsabilidades da AIEA, levando à ameaça de medidas legais.
A carta insta Grossi a “cumprir seus deveres constitucionais, encerrando imediatamente essa inação e condenando essas ações do regime sionista que são contrárias às regulamentações internacionais”. O Irã argumenta que a AIEA tem a obrigação de proteger as instalações nucleares e garantir que sejam usadas para fins pacíficos. A alegação de que buscará “medidas legais apropriadas” sinaliza uma possível escalada diplomática.
Em resposta às críticas, Rafael Grossi afirmou que a AIEA continuará a “monitorar e avaliar de perto a situação em relação aos ataques israelenses a instalações nucleares” no Irã. Ele também enfatizou que inspetores permanecerão no país, prontos para serem enviados às instalações nucleares quando possível. Grossi se ofereceu para viajar imediatamente e se engajar com todas as partes relevantes para garantir a segurança das instalações nucleares.
As tensões aumentaram ainda mais após o Ministério das Relações Exteriores do Irã acusar Grossi de propagar uma “narrativa enganosa” sobre o programa nuclear iraniano e de se tornar cúmplice da campanha militar israelense. O porta-voz Esmaeil Baqaei criticou um relatório da AIEA, divulgado pouco antes dos ataques israelenses, que apontava violações das obrigações de não proliferação nuclear por parte do Irã, alegando que o relatório era “absolutamente tendencioso” e serviu de “pretexto” para os ataques. Grossi negou que as descobertas da AIEA deram sinal verde para Israel atacar o Irã.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br