Um estudo recente do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) lança um alerta sobre o uso excessivo de ferramentas de inteligência artificial (IA) como o ChatGPT. A pesquisa sugere que a dependência dessas tecnologias para a escrita pode acarretar custos cognitivos significativos para os usuários, diminuindo a capacidade de aprendizado a longo prazo. Os resultados indicam um desempenho inferior em níveis neural, linguístico e comportamental entre aqueles que recorrem frequentemente a essas ferramentas.
Os pesquisadores do MIT, diante do avanço acelerado da IA em diversas áreas, enfatizam a urgência de compreender seus impactos no processo de aprendizado. Segundo o estudo, é preciso investigar mais profundamente o papel da IA na educação, considerando as potenciais implicações negativas da dependência dessas tecnologias.
O estudo envolveu 54 participantes divididos em três grupos: usuários do ChatGPT, usuários do Google como ferramenta de pesquisa e indivíduos que escreveram sem auxílio externo. Os participantes foram submetidos a sessões de escrita, com seus níveis de engajamento e carga cognitiva medidos por meio de encefalogramas.
Os resultados dos exames cerebrais revelaram diferenças significativas na conectividade cerebral entre os grupos. Aqueles que não utilizaram ferramentas externas apresentaram maior atividade e distribuição da atividade cerebral, enquanto os usuários de IA demonstraram menor conectividade, indicando menos esforço e engajamento cognitivo.
Além da análise cerebral, os participantes foram entrevistados e seus textos avaliados por professores e por uma IA específica. Surpreendentemente, usuários do ChatGPT tiveram dificuldade em responder perguntas básicas sobre seus próprios textos, mesmo logo após a conclusão. Mais de 80% não conseguiam recitar uma frase sequer de sua autoria.
“Embora os LLMs ofereçam conveniência imediata, nossas descobertas destacam possíveis custos cognitivos”, alertam os autores do estudo. “Demonstramos a questão urgente de uma provável redução nas habilidades de aprendizagem”. A pesquisa levanta preocupações sobre o impacto da IA em contextos educacionais, onde o desenvolvimento de habilidades cognitivas robustas é fundamental.
No Brasil, uma pesquisa da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior) em parceria com a Educa Insights revelou que grande parte dos estudantes universitários utiliza a IA para estudar. Apesar do reconhecimento dos benefícios, como o acesso facilitado à informação, muitos também expressam preocupação com a dependência excessiva e a possibilidade de erros gerados pela IA.
Diante desse cenário, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) publicou um guia com orientações para o uso da IA generativa na educação. A recomendação é equilibrar o uso da tecnologia com atividades que estimulem a interação social, a criatividade humana e o raciocínio lógico. “A IA não deve usurpar a inteligência humana. Pelo contrário, ela nos convida a reconsiderar as nossas compreensões estabelecidas sobre o conhecimento e a aprendizagem humana”, defende Stefania Giannini, Diretora-Geral Adjunta de Educação da Unesco.
Fonte: http://www.metropoles.com