Em meio a crescentes tensões entre Irã e Israel, diplomatas europeus se reuniram nesta sexta-feira, 20, em Genebra, na Suíça, com o ministro das Relações Exteriores iraniano. O encontro tem como objetivo buscar alternativas diplomáticas para o conflito e abordar o controverso programa nuclear iraniano, que volta a ser foco de preocupação internacional.
A reunião, que contou com a presença dos chanceleres do Reino Unido, França e Alemanha (o chamado E3), além da chefe da diplomacia da União Europeia, foi uma iniciativa do Irã. O objetivo é encontrar caminhos para evitar uma escalada do conflito com Israel e discutir as questões nucleares de forma mais ampla.
A escolha de Genebra como palco para o diálogo é simbólica, remetendo ao acordo nuclear de 2013, firmado durante o governo Barack Obama. No entanto, os Estados Unidos se retiraram desse acordo durante a administração Donald Trump, o que aumentou a instabilidade na região.
Segundo um diplomata europeu, o E3 busca manter um canal de comunicação aberto com o Irã, especialmente após o fracasso das recentes negociações com os EUA. “Os iranianos não conseguem se sentar com os norte-americanos, enquanto nós conseguimos”, afirmou. O objetivo é instar Teerã a retornar à mesa de negociações sobre o programa nuclear e abordar preocupações sobre mísseis balísticos, apoio à Rússia e detenção de cidadãos estrangeiros.
Apesar das baixas expectativas de avanços significativos, os diplomatas europeus consideram essencial manter o diálogo com Teerã. A principal preocupação é que, mesmo que a guerra cesse, o conhecimento técnico adquirido pelo Irã possa permitir a retomada do programa nuclear de forma clandestina.
Autoridades iranianas, por sua vez, reafirmam o compromisso com soluções pacíficas e apelam para que os europeus pressionem Israel a cessar os ataques. “O Irã continua comprometido com a diplomacia como único caminho para resolver disputas”, declarou um representante iraniano, ressaltando, no entanto, que “a diplomacia está sob ataque”.
Paralelamente, o E3 e os EUA apresentaram à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) uma resolução acusando o Irã de descumprir o Tratado de Não Proliferação Nuclear. Caso não haja avanços, autoridades europeias cogitam levar o caso ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e até mesmo acionar o mecanismo de *snapback*, que pode reimpor sanções da ONU.
“O Irã declarou repetidamente que acionar o *snapback* terá consequências graves”, alertou um funcionário iraniano, indicando a complexidade da situação e os riscos de uma escalada ainda maior no Oriente Médio.
Fonte: http://revistaoeste.com
