Um estudo recente realizado na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS) revela um cenário preocupante em relação ao HIV no Brasil. A pesquisa aponta que a prevalência de pessoas diagnosticadas com o vírus ultrapassou em 64% os limites estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), um sinal de alerta para as autoridades sanitárias.
O levantamento acende um sinal de alerta sobre o risco iminente de uma epidemia silenciosa de HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) no país. Embora dados recentes já indicassem um leve aumento nos casos de HIV entre 2021 e 2023, a nova pesquisa revela uma possível subnotificação, com uma parcela significativa da população infectada sem diagnóstico.
A singularidade do estudo reside na metodologia empregada: em vez de se basear em dados de pacientes que buscam atendimento médico, os pesquisadores realizaram testes ativos em uma amostra da população para avaliar a incidência das ISTs. Essa abordagem pioneira em larga escala no Brasil revelou uma taxa de prevalência de HIV de 1,64% na população gaúcha, superando o limite de 1% definido pela OMS para considerar a epidemia controlada.
A médica epidemiologista Eliana Wendland, do Hospital Moinhos de Vento e responsável pelo estudo, enfatiza a gravidade da situação. “Estes dados mostram que estamos diante de uma epidemia generalizada”, afirma. A especialista destaca que o risco de contrair o vírus está intrinsecamente ligado a vulnerabilidades sociais, como raça, renda e escolaridade.
Além do HIV, o estudo também revelou dados preocupantes sobre a sífilis, com uma estimativa de que sete em cada 100 brasileiros estejam infectados. A sífilis, assim como o HIV, pode permanecer assintomática por longos períodos, dificultando o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. “A primeira manifestação pode parecer inofensiva, como uma ferida que some sozinha. Sem tratamento, evolui para estágios mais graves”, alerta Wendland.
Diante desse cenário alarmante, o *Metrópoles* questionou o Ministério da Saúde sobre a prevalência do HIV em outros estados do país, mas não obteve resposta. A pasta se limitou a detalhar ações de combate à doença, como o pedido de certificação de fim da transmissão vertical do HIV e a alta taxa de tratamento entre os diagnosticados (96%).
O estudo reforça a necessidade urgente de ampliar o acesso ao diagnóstico e tratamento do HIV, especialmente entre os grupos mais vulneráveis. A prevenção, por meio do uso de preservativos e da profilaxia pré-exposição (PrEP), continua sendo fundamental para conter o avanço da epidemia e proteger a saúde da população.
Fonte: http://www.metropoles.com