O Brasil ascendeu quatro posições no ranking global de competitividade, elaborado pelo Institute for Management Development (IMD) em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). Contudo, a 58ª colocação entre 69 nações avaliadas ainda situa o país entre os últimos. O levantamento revela que a melhora se deve a fatores conjunturais, como o aumento do investimento estrangeiro e a geração de empregos.
Apesar do avanço, o país permanece distante de reformas estruturais que garantam um desenvolvimento sustentável a longo prazo. O ranking avalia pilares cruciais como desempenho econômico, eficiência governamental e empresarial, além da infraestrutura nacional. Hugo Tadeu, diretor da FDC, ressalta que “subir no ranking é uma boa notícia, mas, do ponto de vista estrutural, não há o que comemorar”.
O melhor desempenho brasileiro foi no pilar de performance econômica, alcançando o 30º lugar. Esse resultado positivo foi impulsionado pelo fluxo de investimento direto estrangeiro, crescimento do emprego, atividade empreendedora inicial e participação em energias renováveis. No entanto, o país ainda ocupa posições desfavoráveis em áreas essenciais, como educação básica, habilidades linguísticas, produtividade da força de trabalho e custo de capital.
Tadeu alerta que o crescimento atual, impulsionado por setores tradicionais como agronegócio e mineração, carece de qualidade. “Sem força de trabalho qualificada, tecnologia e inovação, não vamos sustentar esse avanço no longo prazo”, avalia. Ele também destaca que o salto de quatro posições, embora positivo, é frágil, dependendo de indicadores conjunturais de curto prazo.
Para o diretor da FDC, países líderes no ranking, como Suíça e Cingapura, compartilham características como abertura comercial e estabilidade regulatória. Além disso, possuem sistemas educacionais de excelência e estratégias de transferência de conhecimento entre universidades e setor produtivo. Tadeu adverte que o Brasil precisa enfrentar seus gargalos estruturais para evitar um “voo de galinha” na economia.
Um dos pontos críticos apontados por Tadeu é o aumento de impostos, que contrasta com a tendência das economias mais competitivas. Segundo ele, a alta do IOF e o aumento da carga tributária tornam o ambiente de negócios mais hostil e afastam investimentos. “Estamos sufocando o setor produtivo. O aumento de impostos encarece o custo do dinheiro e afugenta o capital privado”, completa.
Para reverter esse cenário, Tadeu defende a priorização da redução do custo de capital, através da simplificação do sistema tributário e garantia de um ambiente regulatório mais estável. Além disso, ressalta a necessidade de investir na qualificação da mão de obra e preparar lideranças para a transformação digital. Apesar dos desafios, o relatório reconhece os ativos brasileiros, como a matriz energética limpa e a capacidade de atrair capital estrangeiro. No entanto, é crucial que o país deixe de ser apenas uma promessa, investindo em estratégia, educação e inovação para um crescimento sustentável.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br