O Brasil está trilhando um caminho perigoso rumo a uma crise fiscal que pode se manifestar em um período de dois a três anos. O alerta foi feito pelo ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, em entrevista à CNN Brasil, que apontou para o crescente engessamento do orçamento como principal fator de risco.
De acordo com Nóbrega, a rigidez orçamentária, impulsionada pelo aumento contínuo dos gastos obrigatórios, é alarmante. Atualmente, mais de 90% do orçamento federal está comprometido com despesas fixas, concentradas em áreas como Previdência, pessoal, saúde, educação, programas sociais e investimentos. “Sobram 4% para o governo fazer o resto. Vai ser zero daqui a dois anos”, alertou.
Comparativamente, Nóbrega destaca que a média mundial de flexibilidade orçamentária gira em torno de 50%, chegando a 70% nos Estados Unidos. A situação brasileira, com apenas uma pequena margem para manobras, eleva o risco de paralisação da máquina pública, um cenário que o ex-ministro projeta para 2027, “no máximo”.
Embora acredite que uma paralisação total seja improvável, Nóbrega prevê que o governo possa abandonar o arcabouço fiscal vigente em busca de soluções. Para evitar esse colapso, medidas drásticas de corte de gastos seriam necessárias, mas o ex-ministro considera essa hipótese inviável devido às amarras da Constituição de 1988.
Diante de um ambiente político pouco propício a reformas estruturais, Nóbrega defende medidas urgentes para reverter o quadro fiscal. Entre elas, cita uma nova reforma da Previdência, “muito mais ousada” que a anterior, e o fim da vinculação entre o salário mínimo e os benefícios previdenciários. “Essa crise fiscal vai gerar o susto. E esse susto vai levar a sociedade e os formadores de opinião a um senso de urgência”, conclui Nóbrega, defendendo a busca por sanidade orçamentária para impulsionar a produtividade e o crescimento do país.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br
