O Irã, palco de tensões geopolíticas e foco de preocupações globais devido ao seu programa nuclear, possui uma história complexa e frequentemente mal compreendida. Apesar da adoção do Islã, uma religião de origem árabe, a identidade do país é profundamente enraizada na cultura persa, uma herança milenar que precede em muito o surgimento do Islã.
Até 1935, o Irã era conhecido mundialmente como Pérsia, nome que evoca um passado glorioso de impérios e conquistas. No século V a.C., sob o comando de Xerxes, a Pérsia tentou expandir seu domínio, chegando a confrontar as cidades-estado gregas, um episódio imortalizado, ainda que com liberdade criativa, no filme “300”. Essa grandiosa civilização, no entanto, experimentaria declínio e transformações ao longo dos séculos.
Em 1935, Reza Pahlavi, o então xá (rei) da Pérsia, decretou a mudança oficial do nome para Irã, um termo que significa “terra dos arianos”. Apesar de ser um monarca muçulmano que governava com pulso firme, Pahlavi adotou uma postura secular e pró-Ocidente, contrastando fortemente com a teocracia que viria a se instaurar décadas depois.
A dinastia Pahlavi chegou ao fim em 1979, derrubada pela Revolução Islâmica, liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. A insatisfação popular com a desigualdade social, a repressão política e o estilo de vida luxuoso da realeza pavimentaram o caminho para o fervor religioso e a ascensão de um regime fundamentalista.
Khomeini, um líder religioso xiita, estabeleceu uma teocracia na qual a lei islâmica passou a reger todos os aspectos da vida no Irã. “O título de aiatolá é uma designação religiosa entre os xiitas, um grupo minoritário no mundo muçulmano”, como apontam especialistas. Essa nova ordem rompeu com o Ocidente, condenou a existência de Israel e gerou preocupações sobre as reais intenções do programa nuclear iraniano.
Sob o regime dos aiatolás, o Irã se tornou um ator regional influente e controverso. A rivalidade com a Arábia Saudita, um país árabe de maioria sunita e aliado dos Estados Unidos, acirrou ainda mais as tensões no Oriente Médio. O temor de que o Irã possa desenvolver armas nucleares paira sobre o mundo, transformando a antiga terra dos reis-deuses em um potencial foco de conflito global.
Fonte: http://revistaoeste.com