Artigo produzido pelo Irmão Ronaldo Luzzi, diretor institucional do Colégio Marista Santa Maria — Curitiba (PR)
Talvez nenhuma festividade traduza tão bem a alma brasileira quanto a festa junina. Em um país tão diverso e cheio de contrastes, essa celebração parece ser o que mais nos une. É no mês de junho, e muitas vezes em julho e até agosto, que reencontramos sabores, sons, crenças e memórias que atravessam gerações.
A festa junina é muito mais do que uma reunião com bandeirinhas e comidas típicas. Ela carrega uma mistura de fé, cultura e tradição que poucos eventos conseguem reunir. Não por acaso, é considerada por muitos a maior celebração popular do país. Mesmo quem não participa das festividades reconhece a força simbólica que esse período tem: ele nos conecta com nossas raízes, com o interior, com a simplicidade e com a coletividade.
Originalmente chamada de festa “joanina”, por causa de São João, celebrado em 24 de junho, a festa foi incorporando homenagens a outros santos, como Santo Antônio, São Pedro e São Paulo, e se expandindo até se tornar um ciclo completo. E o que era uma tradição religiosa passou a ser, também, um evento social, cultural e afetivo. Cada região do Brasil a celebra à sua maneira, mas sempre com muita música, dança e comida.
No Nordeste, as festas são grandiosas e movimentam economias inteiras. No Sul e Sudeste, escolas e comunidades inteiras se mobilizam para organizar suas quermesses. Cada um com seu jeito, mas todos celebrando juntos. E talvez seja isso o mais bonito de tudo: a festa junina nos lembra de que é possível viver o coletivo, a tradição, a fé e a alegria ao mesmo tempo.
Mesmo diante de tantas mudanças culturais, a festa continua sendo um espaço de pertencimento. Nela, o urbano reencontra o rural, a infância reencontra a família, e o sagrado reencontra o popular.
Num mundo cada vez mais acelerado, individualista e digital, celebrar momentos como esse é um lembrete poderoso de quem somos. É quando nos permitimos parar, estar juntos, honrar o passado e criar memórias no presente. A festa junina é um respiro, e precisamos desses respiros para seguir em frente com mais leveza, raízes e sentido. Que nunca nos falte motivo (ou coragem) para comemorar o que nos une.