O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, elevou a tensão em torno da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Budapeste, ao declarar que participantes e organizadores enfrentarão “consequências legais” caso desafiem a proibição policial imposta ao evento programado para este fim de semana. A declaração acirra ainda mais o clima de embate entre o governo e a comunidade LGBTQIA+ no país.
A base para a proibição reside em uma legislação aprovada em março pelo parlamento húngaro, onde o partido Fidesz, de Orbán, detém uma maioria expressiva. A lei estabelece que a proteção de crianças prevalece sobre o direito de reunião, abrindo caminho para a repressão de manifestações LGBTQIA+. A legislação permite ainda o uso de reconhecimento facial para identificar participantes e aplicar multas.
Críticos apontam que a proibição da Parada do Orgulho se insere em um contexto mais amplo de restrição às liberdades democráticas, em um momento de crescente pressão política sobre Orbán. O primeiro-ministro enfrentará um forte candidato de oposição nas próximas eleições gerais, com algumas pesquisas indicando uma disputa acirrada.
Em declarações à rádio estatal, Orbán defendeu a aplicação da lei, afirmando: “Somos adultos e recomendo que todos decidam o que querem, respeitem as regras… e se não o fizerem, devem enfrentar as consequências legais claras”. Ele ponderou que, embora a polícia possa dispersar um evento proibido, a Hungria é um “país civilizado”, e o papel da polícia é persuadir as pessoas a seguir a lei.
A disputa em torno da Parada do Orgulho ganhou contornos internacionais, com Reino Unido, França, Alemanha e outros 30 países manifestando apoio à comunidade LGBTQIA+ húngara. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também instou as autoridades húngaras a permitirem a realização da marcha. Orbán respondeu a von der Leyen, comparando suas declarações a ordens de Moscou na era comunista, alegando que ela considera a Hungria um país subordinado.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br