A derrota do governo no Congresso, com a derrubada do reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), expôs uma fragilidade na articulação política do Planalto. Lideranças do Centrão, com trânsito livre no governo, apontam um ‘erro capital’ na condução do tema, prevendo um futuro de escolhas difíceis para o presidente Lula.
Interlocutores entre o presidente Lula e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, revelam que o governo insistiu no aumento do IOF mesmo diante da resistência do Legislativo. Segundo essas fontes, o Planalto ‘encomendou sua própria derrota’ ao dobrar a aposta, abrindo caminho para uma encruzilhada complexa.
Agora, Lula se vê diante de opções delicadas: judicializar a questão no STF, acirrando a tensão com o Congresso; impulsionar uma Medida Provisória (MP) com cortes de gastos, enfrentando forte oposição; ou aceitar um contingenciamento bilionário no Orçamento. A equipe econômica se reuniu com articuladores políticos para buscar alternativas, mas sem sucesso.
De acordo com aliados de Lula e Alcolumbre, o governo deveria ter recuado assim que a Câmara aprovou a urgência do projeto que derrubaria o reajuste do imposto. A manutenção do decreto do IOF resultou em uma derrota expressiva na Câmara, com apenas 98 deputados a favor e 383 contra.
A crise do IOF se desenrolou rapidamente: o governo anunciou o aumento para arrecadar R$ 20 bilhões, o Congresso reagiu negativamente, o Planalto recuou parcialmente, e um acordo para compensação via MP azedou. A aprovação da urgência e, posteriormente, a derrubada do reajuste surpreenderam o governo.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, já havia expressado ao Planalto a insatisfação dos deputados com a ‘guerra’ entre Executivo e Legislativo. A recente investida do Congresso para aprovar medidas que encarecerão a energia elétrica elevou a tensão, com o governo tentando transferir o ônus para o Legislativo.
Essa estratégia irritou o Centrão, que não quer arcar com o desgaste de vetar os ‘jabutis’ da energia. Para interlocutores da Câmara, a reunião de emergência convocada por Lula foi uma tentativa de desgastar o Congresso, acirrando ainda mais a crise entre os poderes.
Fonte: http://www.metropoles.com
