Raul Seixas, o icônico “pai do rock brasileiro”, faleceu precocemente em 1989, aos 44 anos, deixando um legado musical inestimável. No entanto, sua trajetória foi marcada por um declínio pessoal doloroso, como revelado por Kika Seixas, uma de suas ex-esposas, em sua autobiografia “Coisas do Coração”. O livro expõe os bastidores da luta de Kika para resgatar o cantor de seus vícios e do personagem em que ele se transformava.
Kika Seixas descreve em detalhes o sofrimento ao testemunhar a transformação de Raul, impulsionada pelo uso de cocaína e o consumo excessivo de álcool. “Eu ainda tenho vontade de chorar quando me lembro. A gente foi se afastando, ele foi se afastando”, relata Kika no livro, revelando o impacto devastador dos vícios na relação e na vida do artista.
Em sua busca para ajudar Raul, Kika o encaminhou para especialistas e clínicas de reabilitação, na esperança de que ele pudesse se libertar do ciclo destrutivo. No entanto, o cantor persistia em se manter distante da realidade, abraçando cada vez mais o personagem que o palco e os vícios exigiam.
“Era como se a bebida trouxesse uma espécie de outro Raul, o personagem. Ele voltava para casa e já não era mais aquele homem amoroso. O palco queria isso dele. Quando vi que não teria mais jeito, eu fui embora”, desabafa Kika, evidenciando a dor da decisão de se afastar diante da impossibilidade de resgatá-lo.
Casada com Raul Seixas entre 1979 e 1984, Kika teve com ele sua filha Vivian. Em “Coisas do Coração”, lançado em 2021, ela compartilha documentos e fotos inéditas, bem como histórias nunca antes contadas sobre a vida e a carreira do artista que revolucionou o rock brasileiro.
Raul Seixas, que completaria 80 anos em 2024, marcou uma geração com sua irreverência, suas letras provocadoras e sua autenticidade. Sua música mesclava o rock americano com ritmos brasileiros, como o forró e o baião, abordando temas sociais e políticos com uma linguagem única.
O artista alcançou o sucesso em 1973 com o disco “Krig-ha, Bandolo!”, lançando ao todo 21 álbuns em 26 anos de carreira. Canções como “Metamorfose Ambulante”, “Maluco Beleza”, “Sociedade Alternativa” e “Ouro de Tolo” se tornaram hinos e o consagraram como um dos maiores nomes da música brasileira.
Raul Seixas faleceu em 21 de agosto de 1989, em São Paulo, vítima de pancreatite crônica e hipoglicemia, complicações agravadas pela diabetes, pelo uso de drogas e pelo consumo excessivo de álcool. A luta de Kika Seixas para salvá-lo, revelada em sua autobiografia, lança luz sobre os bastidores de uma vida marcada pelo talento, pela genialidade e pela autodestruição.
Fonte: http://www.metropoles.com
