O Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) elevou a pena do ex-delegado Erik Busetti para 42 anos, 9 meses e 9 dias de prisão em regime fechado. A decisão se refere aos assassinatos de sua esposa, Maritza Guimarães de Souza, e da enteada, Ana Carolina de Souza Holz, de 16 anos, ocorridos em março de 2020 em Curitiba. A condenação inicial havia sido de 38 anos, 10 meses e 18 dias.
O desembargador Miguel Kfouri Neto, em sua decisão, enfatizou a plena consciência de Busetti ao efetuar os disparos contra as vítimas. “Era evidente que o réu possuía plena consciência de que atingiria ambas as ofendidas”, afirmou o desembargador, complementando que o objetivo do ex-delegado era “ceifar a vida das duas”.
De acordo com a denúncia, Busetti matou Maritza e Ana Carolina com múltiplos tiros dentro da residência da família. A motivação do crime, segundo os autos, foi o “inconformismo com o fim do relacionamento com Maritza”, que planejava o divórcio. Ana Carolina foi morta ao tentar defender a mãe, e o crime ocorreu na presença da filha do casal, de apenas 8 anos. O júri popular considerou o réu culpado por duplo feminicídio, com agravantes como motivo torpe e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas.
O aumento da pena ocorreu após recurso do assistente de acusação, que questionou a atenuante da confissão espontânea no caso de Ana Carolina. A alegação era de que Busetti tentou minimizar sua responsabilidade, afirmando que o tiro na adolescente teria sido acidental. O tribunal acatou o pedido, entendendo que não houve confissão verdadeira, mas sim uma versão negada pelas provas e pelo júri.
A defesa tentou reduzir a pena, argumentando que o crime deveria ser tratado como um “concurso formal próprio”, ou seja, uma só ação com dois resultados, e não como dois homicídios autônomos. No entanto, o Tribunal rejeitou esse argumento, apontando que Busetti agiu com intenção individualizada contra cada vítima. Samuel Rangel, advogado do pai de Ana Carolina, declarou que o aumento da pena “representa a justa atenção da Justiça para com os parentes de Ana Carolina”, embora considere a pena ainda pequena diante da barbárie. A defesa de Erik Busetti ainda não se manifestou sobre a decisão.
Fonte: http://cbncuritiba.com.br
