Para muitos dentistas brasileiros, trabalhar nos Estados Unidos representa um objetivo atraente, impulsionado pela valorização profissional, infraestrutura de ponta e a perspectiva de ganhos substancialmente maiores. No entanto, a jornada para transformar esse sonho em realidade é repleta de obstáculos, desde a revalidação do diploma até a adaptação a um sistema de saúde distinto do brasileiro.
Ao contrário de países como Portugal e Espanha, os EUA não reconhecem automaticamente diplomas de odontologia estrangeiros. A prática odontológica exige a conclusão de parte da formação em uma instituição americana. A alternativa mais comum para dentistas formados no Brasil é o “Advanced Standing Program”, um programa oferecido por algumas universidades que permite o ingresso nos dois últimos anos do curso de odontologia, mediante um rigoroso processo seletivo.
A formação em odontologia nos Estados Unidos requer um diploma universitário prévio, seguido de quatro anos em uma escola especializada, a “Dental School”. Estrangeiros admitidos nos programas avançados geralmente cursam os dois anos finais, arcando com custos que podem ultrapassar US$ 100 mil por ano, além das despesas com moradia e alimentação. A fluência em inglês é um pré-requisito indispensável, tanto para a aprovação nos exames quanto para a comunicação eficaz com pacientes e colegas.
A maioria dos dentistas nos EUA atua em clínicas privadas, muitas vezes integradas a grandes estruturas empresariais. “É comum que essas clínicas tenham foco em produtividade, com metas diárias e especialização de funções”, observa um especialista do setor. Diferente do modelo brasileiro, a prática odontológica nos EUA adota uma cultura corporativa, subordinada a rigorosos princípios de governança.
Segundo a American Dental Association (ADA), cerca de 80% dos dentistas trabalham nesses consultórios privados. A média salarial é um grande atrativo, com ganhos anuais em torno de US$ 160 mil, aproximadamente dez vezes a remuneração média de um dentista no Brasil. Luciana Pavie, dentista brasileira formada pela Universidade Federal de Minas Gerais, trilhou esse caminho, abrindo sua clínica em Massachusetts após revalidar seu diploma na New York University.
“Sabia que precisava começar do zero. Então, fui em frente”, afirma Luciana, que hoje comanda uma clínica de referência com uma equipe multicultural, atendendo principalmente pacientes estrangeiros, muitos deles brasileiros. Sua história ilustra os desafios e as recompensas de construir uma carreira de sucesso na odontologia americana, um mercado exigente, mas com grandes oportunidades para profissionais qualificados.
Fonte: http://revistaoeste.com