sábado, junho 28, 2025

Um Ano de Isolamento: Comunidades Rurais no RS ‘Festejam’ Ausência de Ponte Após Enchentes de 2024

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Comunidades rurais em Faxinal do Soturno e Ivorá, no coração do Rio Grande do Sul, completaram um ano de isolamento após a destruição da ponte no Km 32 da ERS-348 pelas enchentes de maio de 2024. A situação, que persiste desde então, agrava-se com as novas inundações que assolam o estado, reacendendo o sentimento de vulnerabilidade entre os moradores.

Essa estrutura era vital para a ligação entre os municípios, impactando diretamente o acesso a serviços essenciais para os pequenos agricultores da região. A ausência da ponte dificulta o escoamento da produção agrícola, o acesso à saúde e a manutenção das atividades educacionais, prejudicando o cotidiano das famílias.

Inicialmente, a comunidade buscou soluções emergenciais. “Colocamos um barco nosso para fazer a travessia […] Depois, conseguimos montar uma travessia com madeira, eucalipto”, lembra Alceu Barchet, morador de Sítio dos Melos, sobre os esforços iniciais para mitigar o isolamento.

Apesar da instalação de uma ponte provisória pelo Exército, a estrutura era frequentemente removida em períodos de chuva, intensificando o isolamento. “Ficávamos isolados. E assim fomos levando, sempre com promessas do governo estadual de que a obra de reconstrução da ponte ia começar, mas passou mais de um ano e nada foi feito”, lamenta Barchet.

Em um ato simbólico de protesto, moradores das cinco comunidades se reuniram no local onde a nova ponte deveria estar, no último domingo (22/6). Com balões, cartazes e um bolo, marcaram o aniversário de um ano de espera pela reconstrução, em uma manifestação pacífica que buscava sensibilizar as autoridades.

Os prejuízos para as comunidades são inúmeros. O agricultor Alceu Barchet relata que a ponte é fundamental para “levar nossos produtos, acessar saúde, educação… Toda a parte social e a economia da comunidade estão sendo afetadas todos os dias”. A dificuldade de acesso afeta até mesmo o percurso escolar de crianças, como Laura Meneghetti, de 8 anos, que precisa atravessar dois rios para chegar à escola.

Professores também relatam dificuldades no acesso a serviços de emergência. “Aconteceu de pessoas terem de ser carregadas de caçamba até uma parte do trajeto em que fosse possível encontrar a ambulância, porque não tem por onde passar”, relata a professora Jeruza Bulegon, evidenciando a gravidade da situação.

Com a iminência do verão, a preocupação se intensifica com a possibilidade de escassez de água para irrigação, agravando ainda mais a situação dos agricultores. “Como é um rio pequeno e sem leito definido, a chance de faltar água é enorme. Vamos ser muito prejudicados na irrigação. É algo que estamos prevendo”, alerta Alceu Barchet.

Em resposta aos questionamentos do Metrópoles, o governo do Rio Grande do Sul, por meio do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), informou que as obras da ponte estão previstas para começar no segundo semestre de 2025, com conclusão estimada para o final de 2026. O investimento na nova estrutura, que terá 120 metros de extensão, mão dupla e será mais alta que a anterior, é de R$ 11,7 milhões.

O Daer justificou o atraso na aprovação do projeto devido a estudos hidrológicos e análises técnicas, com o objetivo de garantir a resistência da nova ponte a eventos climáticos extremos. Enquanto isso, a comunidade rural segue isolada, aguardando o cumprimento das promessas e a reconstrução da ligação vital para o seu desenvolvimento e bem-estar.

Fonte: http://www.metropoles.com

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