O lançamento do filme “Homem com H”, que narra a vida de Ney Matogrosso, trouxe à tona um período doloroso na vida do artista: a epidemia de HIV nas décadas de 1980 e 1990. Ney perdeu muitos amigos e amores para a doença, um dos mais marcantes foi Marco de Maria, médico e seu ex-marido. Mesmo após a separação, o afeto persistiu, e Ney esteve ao lado de Marco até o fim.
A biografia “Matogrosso – A Biografia” revela a profundidade desse relacionamento através de cartas escritas por Marco durante sua batalha contra a Aids. Nesses escritos, ele expressa saudade, liberdade e a intensidade dos momentos vividos ao lado de Ney, especialmente durante uma temporada em Praia Grande. As palavras emocionadas de Marco ecoam a fragilidade e a esperança em meio à doença.
“Saudade do tempo em que eu era possibilidade, o mar era possibilidade, minhas fantasias eram possibilidade, e eu era livre”, escreveu Marco em um trecho da carta. A mensagem transmite a perda da vitalidade e das oportunidades que a doença lhe roubou. Suas palavras ressaltam a importância dos laços de amizade e amor em momentos de extrema dificuldade.
A despedida final ocorreu em 16 de fevereiro de 1993. Ney, em um gesto de amor e compaixão, sussurrou para Marco: “Marco, chega. Não se esforce mais. Você já sofreu muito. O amor da gente continua”. Marco, em resposta, fez um leve movimento de cabeça antes de falecer.
As cartas de Marco são um testemunho da força do amor e da amizade em face da adversidade. Em outra passagem, Marco relembra os momentos felizes em Praia Grande: “Eu e meu amigo nadávamos e nadávamos, íamos longe nesse mar, éramos levados pelas correntezas e saíamos da água muito longe do lugar onde tínhamos entrado. Íamos os dois, um confiando na confiança do outro, um ancorando o outro”. A lembrança desses momentos de liberdade e cumplicidade permanece como um legado de afeto e superação.
Fonte: http://www.metropoles.com