Uma nova pesquisa publicada na revista *Science* traz à tona questionamentos sobre a precisão dos modelos climáticos atuais. O estudo, liderado pela geoquímica francesa Guillemette Ménot, analisou sedimentos na costa de Camarões, na África Central, revelando dados surpreendentes sobre as temperaturas do Holoceno Médio.
Os resultados indicam que, há cerca de 7 mil anos, as temperaturas na região eram significativamente mais elevadas do que as registradas atualmente. Essa descoberta lança dúvidas sobre a capacidade dos modelos climáticos de replicar as condições do passado e, consequentemente, de prever com precisão as mudanças futuras.
A pesquisa destaca a importância de incluir dados de regiões tropicais de baixa latitude nas reconstruções globais de temperatura. A falta de representatividade dessas áreas pode comprometer a compreensão dos padrões climáticos e a confiabilidade das projeções futuras, como ressaltou Ménot em seu estudo.
A metodologia utilizada envolveu a análise de testemunhos sedimentares, similares aos obtidos em perfurações de gelo, para estimar as temperaturas e os níveis de umidade do passado. “Esses *proxies* levam um bom tempo para serem obtidos e ainda são bastante insipientes pelo mundo da pesquisa”, afirma o artigo, evidenciando a complexidade da coleta e interpretação desses dados.
O período do Holoceno, iniciado há 12 mil anos, marcou uma elevação global das temperaturas, caracterizando o atual período interglacial. A pesquisa de Ménot, focada no Holoceno Médio e Final, analisou amostras de tetraéteres de glicerol dialquil glicerol ramificado (brGDGT) em lagos de Camarões, revelando uma redução de 2,5°C na temperatura média nos últimos 7 mil anos.
Essa descoberta, consistente com achados na África Oriental, desafia a hipótese de que o CO2 é o principal motor das mudanças climáticas. Os modelos climáticos, que atribuem um papel central ao CO2, preveem um aquecimento na África Central, o que não se confirma nos dados coletados.
“Entretanto o que a pesquisa de Ménot mostrou, concordando com outras análogas, é que essa área tropical está mais fria atualmente, exatamente quando a concentração de CO2 está mais alta”, aponta o estudo, colocando em xeque a validade das simulações climáticas atuais.
Fonte: http://revistaoeste.com