O Brasil, detentor de uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, busca consolidar sua posição de liderança na descarbonização global. Apesar dos avanços, o país ainda enfrenta obstáculos significativos na transição para uma economia de baixo carbono, especialmente na redução das emissões provenientes de combustíveis fósseis. A substituição desses combustíveis por fontes renováveis é crucial para um futuro mais sustentável.
Em entrevista, João Francisco Paiva, diretor de Descarbonização e Finanças Verdes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), detalha os desafios e as estratégias em curso. “O desafio do Brasil é industrializar nossas vantagens comparativas, transformar isso em tecnologia, geração de renda, aumento de PIB, atração de investimento”, afirma Paiva, destacando o potencial do país em transformar seus recursos naturais em oportunidades econômicas.
A Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial, ancorada em pilares como Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, Insumos de baixo carbono, Estímulo à demanda por produtos de baixo carbono e Financiamento, visa impulsionar essa transformação. O governo federal tem implementado diversas ações para concretizar essa visão, com destaque para o programa Nova Indústria Brasil (NIB).
A missão 5 da NIB, focada em “impulsionar a bioeconomia, descarbonização e transição energética”, prevê investimentos de R$ 507 bilhões até 2026. A Secretaria de Economia Verde, por meio do Departamento de Descarbonização e Finanças Verdes, está elaborando a Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial, que orientará a implementação da missão 5 da NIB e o cumprimento das metas climáticas brasileiras (NDC).
Marcos legislativos importantes, como as leis que criaram o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões e o programa Combustível do Futuro, demonstram o compromisso do governo com a agenda de descarbonização. Além disso, iniciativas como o Eco Invest Brasil visam atrair capital estrangeiro para financiar projetos sustentáveis.
O governo também lançou a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica e o Acelerador para a Transição Industrial, buscando atrair e coordenar investimentos e apoiar projetos industriais verdes. “O governo brasileiro tem atuado de forma coordenada e estratégica para estruturar a transição para uma economia de baixo carbono”, ressalta Paiva.
As entidades governamentais desempenham um papel fundamental nesse processo. O MDIC lidera a formulação de políticas, o MME regula os biocombustíveis e incentiva as renováveis, enquanto o MF alinha a política econômica à agenda climática. Instituições como o BNDES e a FINEP são cruciais para financiar projetos e fomentar a inovação tecnológica.
O Brasil possui uma matriz energética com cerca de 90% de eletricidade renovável e quase 50% de energia total proveniente de fontes limpas, números superiores aos dos países da OCDE. “Produzir aqui é mais barato e mais sustentável do que em qualquer lugar do planeta”, afirma Paiva. O país se posiciona como um líder global na descarbonização, com a COP30 em Belém como um palco estratégico para demonstrar seu potencial.
Fonte: http://www.metropoles.com