O Paraná, lar da maior comunidade ucraniana no Brasil, com cerca de 600 mil descendentes concentrados no Sul e Sudeste, mantém viva a esperança e o espírito de solidariedade após três anos do conflito na Ucrânia. A Representação Central Ucraniano-Brasileira, sediada em Curitiba, coordena esforços para apoiar tanto os ucranianos no país de origem quanto os brasileiros que lá residem. Prudentópolis, no interior do Paraná, destaca-se como a cidade com a maior concentração de ucranianos.
Diante da crise humanitária, o Comitê Humanitas surgiu com o objetivo inicial de acolher refugiados ucranianos no Brasil. No entanto, com a chegada de poucos refugiados, o grupo redirecionou seu foco para a realização de campanhas de auxílio direto à população na Ucrânia. O trabalho voluntário se tornou a principal ferramenta de apoio, com o objetivo de mitigar o sofrimento causado pela guerra.
Júlia Bordun, uma das voluntárias do projeto, enfatiza que o Comitê Humanitas busca atender às necessidades específicas dos brasileiros na Ucrânia, oferecendo suporte para exames e consultas médicas. Deborah Sedor, outra voluntária, complementa que o auxílio transcende o aspecto financeiro, abrangendo também a orientação e o suporte informacional. “O nosso auxílio não é só financeiro, mas também de orientação”, explica Deborah.
Um dos papéis cruciais desempenhados pelo Humanitas é a divulgação de informações essenciais para famílias que possuem combatentes ucranianos desaparecidos. Júlia Bordun esclarece que o termo “desaparecido” é utilizado como parte de um protocolo para lidar com situações em que a recuperação dos corpos no campo de batalha se torna perigosa. A iniciativa busca trazer algum conforto e informação para as famílias em meio à incerteza.
Roberto André Oresten, presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, expressa a profunda tristeza ao receber relatos de amigos e conhecidos que vivenciam a guerra na Ucrânia. No entanto, ele ressalta que a resistência ucraniana, impulsionada pelo apoio dos Estados Unidos e da União Europeia, infunde coragem e esperança na comunidade. “A resistência traz coragem e esperança”, afirma Oresten.
Enquanto isso, João Alfredo Nyegray, professor de geopolítica da PUC-PR, pondera sobre a incerteza em relação ao fim do conflito, mas vislumbra possíveis desfechos. A invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022, desencadeou uma reação global em apoio à Ucrânia, dando início a uma guerra que já ceifou milhares de vidas.
Em meio a esse cenário, a comunidade ucraniana no Paraná demonstra resiliência e solidariedade, mantendo viva a esperança de um futuro melhor para a Ucrânia. Um exemplo trágico é o do paranaense Wagner da Silva Vargas, de 29 anos, voluntário no exército ucraniano e atualmente desaparecido. A Embaixada do Brasil está prestando assistência consular à família de Vargas, que perdeu contato com ele desde junho.
Fonte: http://cbncuritiba.com.br