A condução das contas públicas pelo governo e pelo Congresso tem gerado preocupação, segundo a economista Zeina Latif, sócia-diretora da Gibraltar Consulting. Em análise recente, Latif apontou falhas na avaliação do cenário fiscal, com foco excessivo na arrecadação em detrimento do controle de despesas. Essa abordagem, segundo ela, contribuiu para a deterioração do quadro fiscal brasileiro.
Latif criticou a ênfase do governo em aumentar a arrecadação sem o devido controle dos gastos. “O governo errou ao gerar mais rigidez nos gastos e aí o tal do arcabouço fiscal com uma inconsistência muito grande, interna”, explicou a economista em entrevista ao WW Especial da CNN Brasil. A especialista sugere que a estratégia adotada gerou mais rigidez nos gastos, impactando negativamente o arcabouço fiscal.
A economista também não poupou críticas ao papel do Congresso na crise fiscal. Para Latif, o Legislativo foi “sócio” na deterioração das contas públicas ao aprovar a PEC de transição, que, segundo ela, “feria a lei de responsabilidade fiscal”. Ela ressaltou que alertas de diversas instituições foram ignorados durante a aprovação da PEC.
Apesar do cenário desafiador, Zeina Latif considera que a situação atual representa mais um “estresse institucional” do que uma crise profunda. Ela observou uma deterioração institucional no país, com enfraquecimento do Executivo e intervenções por vezes indevidas do Judiciário.
Segundo Latif, esse quadro institucional será um tema importante para os próximos governos, que terão o desafio de “desatar esse nó”. Ela conclui que, embora haja componentes estruturais na crise atual, parte do estresse é conjuntural e tende a se dissipar com o tempo, especialmente após o período eleitoral.
Fonte: http://www.cnnbrasil.com.br