A cúpula do Brics, que se inicia neste domingo no Rio de Janeiro, promete ser palco de debates acalorados sobre temas cruciais para a economia global e a segurança internacional. O bloco, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, deverá expressar forte preocupação com o aumento de tarifas unilaterais, consideradas uma ameaça ao comércio justo e multilateral. A declaração final da reunião, acordada pelos negociadores neste sábado, reflete a crescente apreensão com o protecionismo em ascensão.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a abertura de um evento empresarial do Brics, ressaltou a importância de as nações emergentes defenderem o regime multilateral de comércio e reformarem a arquitetura financeira internacional. “Diante do ressurgimento do protecionismo, cabe às nações emergentes defender o regime multilateral de comércio e reformar a arquitetura financeira internacional”, afirmou Lula, sublinhando a necessidade de uma resposta coordenada aos desafios econômicos globais.
Apesar das divergências internas, os negociadores do Brics chegaram a um consenso em relação à escalada bélica no Oriente Médio, um dos temas mais delicados da agenda. O Irã, membro do grupo desde 2023, esperava uma postura mais firme do bloco em relação aos bombardeios de Israel e dos Estados Unidos. Contudo, a declaração final dos líderes deverá manter o tom cauteloso adotado no mês passado, expressando “profunda preocupação” com a situação.
A especialista em Relações Internacionais Marta Fernández, diretora do BRICS Policy Center da PUC-RJ, observou que a tendência é que a cúpula adote uma postura cautelosa em relação aos Estados Unidos. “A China, por exemplo, vem tentando uma postura contida sobre Oriente Médio, e uma cúpula capturada por esse conflito talvez não seja do interesse de Pequim”, explicou Fernández, destacando as complexas dinâmicas geopolíticas em jogo.
Além das questões econômicas e geopolíticas, a cúpula do Brics também abordará temas como mudanças climáticas, governança da inteligência artificial e cooperação sanitária. Com a adição de novos membros nos últimos dois anos, o bloco busca fortalecer o chamado Sul Global e promover uma ordem internacional mais justa e equilibrada. Para garantir a segurança do evento, as Forças Armadas mobilizaram mais de 20 mil agentes e implementarão medidas rigorosas de controle do espaço aéreo, demonstrando a importância estratégica da cúpula para o Brasil e para o cenário internacional.
Fonte: http://jovempan.com.br