Após intensas negociações, os países do Brics chegaram a um consenso sobre a declaração final a ser emitida na Cúpula do Rio, neste domingo. O principal obstáculo foi superado com relação às demandas do Irã, que buscava uma condenação mais enfática aos ataques que tem sofrido. A declaração final deve elevar o tom contra os ataques, embora não no nível desejado por Teerã.
Diplomatas iranianos expressaram certa insatisfação com o que consideram uma “moderação” do Brics, argumentando que uma presidência russa adotaria uma postura mais confrontacional em relação aos Estados Unidos. A presidência brasileira, que sedia a COP-30 este ano, priorizou uma abordagem mais equilibrada. O teor completo da Declaração de Líderes do Rio ainda não foi divulgado ao público.
O ponto central da discórdia girava em torno da exigência iraniana de incluir uma “condenação veemente” aos ataques aéreos realizados pelos “EUA e Israel”, além de críticas específicas aos ataques à infraestrutura civil iraniana. A redação final, influenciada pela proposta brasileira, deverá conter uma condenação aos bombardeios, mas sem o tom e a especificidade desejados pelo Irã.
A delegação iraniana também manifestou desconforto com a forma como Israel é mencionado, rejeitando termos como “entidade sionista” ou “regime sionista”, considerados ofensivos na linguagem diplomática. Segundo fontes envolvidas nas negociações, a declaração será endossada pelos chefes de Estado e de governo do Brics, o que exigiu um cuidado maior com a linguagem.
O impasse com o Irã evidenciou os desafios enfrentados pela Cúpula de Líderes dos Brics, que tem sofrido com possíveis ausências de representantes do Oriente Médio, o que esvaziaria o evento. A diplomacia brasileira busca minimizar o impacto dessas ausências e garantir consensos em temas como guerras, tarifas comerciais e a reforma do Conselho de Segurança da ONU, reafirmando o compromisso do grupo com o multilateralismo.
Paralelamente, o Brasil busca fortalecer o apoio do Brics à sua candidatura e à da Índia a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Há expectativa de avanços em relação à Cúpula de Kazan, onde resistências de Etiópia e Egito impediram uma menção específica ao apoio às candidaturas de Brasil, Índia e África do Sul.
Fonte: http://www.infomoney.com.br