Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, completa 90 anos neste domingo, marcando também 66 anos de exílio forçado do Tibete. Em um anúncio surpreendente durante as celebrações, o líder espiritual revelou que seu sucessor, pela primeira vez na história, não será tibetano.
“Vou reencarnar no mundo livre”, declarou o Dalai Lama, sinalizando uma mudança significativa na tradição de séculos. A decisão reflete a contínua influência do Partido Comunista Chinês sobre o Tibete e a busca por preservar a autonomia espiritual da linhagem.
O Dalai Lama, além de líder espiritual do budismo tibetano, já exerceu a função de chefe de Estado antes da anexação chinesa. A tradição de reencarnação, central à sua identidade, remonta a Gendun Drup, o primeiro Dalai Lama, em 1391.
A invasão do Tibete pela China, quando Gyatso tinha apenas 15 anos, alterou drasticamente o curso de sua vida e da história tibetana. A disparidade populacional entre os dois países, 550 milhões de chineses contra 1 milhão de tibetanos, somada à tradição pacifista tibetana, tornou a resistência quase impossível.
Após quase uma década sob o domínio chinês, a crescente pressão e a eclosão de revoltas populares levaram à fuga do Dalai Lama em 17 de março de 1959. Desde então, vive no exílio na Índia, de onde continua a defender a cultura e a autonomia tibetanas. Sua declaração recente reafirma a determinação de manter viva a linhagem do Dalai Lama, mesmo longe de sua terra natal.
Fonte: http://revistaoeste.com