Após um ano de 2024 marcado por forte valorização, o dólar iniciou 2025 em trajetória de queda frente ao real, rompendo o patamar de R$ 5,50. Analistas de mercado vislumbram um possível recuo até R$ 5,40 no curto prazo, impulsionado pelo enfraquecimento global da moeda americana e pela manutenção da taxa Selic em patamares elevados. Contudo, essa tendência de baixa pode ser passageira.
O cenário fiscal doméstico, com as incertezas em torno do cumprimento das metas e o crescente endividamento público, emerge como principal fator de pressão para uma futura valorização do dólar. A derrubada de medidas de ajuste fiscal pelo Congresso e as discussões acaloradas sobre o cenário eleitoral de 2026 adicionam ainda mais volatilidade ao mercado de câmbio.
Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, embora tenha revisado sua projeção para o dólar no fim do ano para R$ 6,00, mantém uma visão pessimista em relação ao real. “O problema para o real vai ser o aumento do risco soberano do Brasil por conta da preocupação com o crescimento do endividamento público”, afirma Padovani, ressaltando que as metas fiscais atuais são insuficientes para conter o crescimento da dívida.
Outros especialistas, como os da MCM 4intelligence, compartilham da cautela em relação ao segundo semestre, alertando para o protagonismo das “incertezas fiscais e políticas domésticas” no câmbio. A consultoria destaca a fragilidade fiscal do governo e o acirramento da disputa político-eleitoral como elementos que podem minar o recente vigor da moeda brasileira.
Nem todos os analistas compartilham dessa visão pessimista. Daniel Miraglia, economista do Integral Group, acredita que o dólar pode recuar ainda mais e terminar o ano abaixo dos níveis atuais. Ele argumenta que o real pode se beneficiar de um cenário de troca de governo em 2027, com o mercado já precificando um candidato da oposição mais comprometido com a austeridade fiscal.
Em suma, o futuro do dólar no Brasil permanece incerto, com forças opostas atuando no mercado. A queda no curto prazo parece possível, mas o risco fiscal e a instabilidade política podem reverter essa tendência, reacendendo o debate sobre o impacto do câmbio na economia brasileira.
Fonte: http://www.infomoney.com.br