A crise em torno do caso da ‘Abin Paralela’ escalou para um confronto público entre a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Polícia Federal (PF). Servidores da Abin, representados pela União dos Profissionais de Inteligência de Estado (Intelis), acusam a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) de proteger agentes envolvidos no escândalo, reacendendo tensões sobre a ocupação de cargos estratégicos na agência por policiais federais.
No centro da disputa está a influência de delegados da PF na Abin, que, segundo a Intelis, revive traumas associados a práticas de arapongagem. A entidade cita os casos de Alexandre Ramagem, deputado federal e alvo do inquérito da ‘Abin Paralela’, Paulo Lacerda, envolvido no caso Satiagraha, e o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, indiciado por obstrução à Justiça. As acusações incluem ainda denúncias de assédio por parte de agentes da PF.
A ADPF rebate as acusações, classificando-as como “narrativa equivocada, marcada por generalizações indevidas”. A associação defende a competência técnica, a qualificação jurídica e a experiência dos delegados federais em funções complexas, destacando a presença de seus membros em posições de liderança em órgãos federais, estaduais e internacionais, como o Secretário-Geral da Interpol.
A disputa interna chegou ao Congresso Nacional durante uma reunião secreta da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência. Na ocasião, representantes da Intelis distribuíram um panfleto denunciando o sucateamento da Abin e criticando a atuação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, inclusive sugerindo sua convocação.
Os servidores da Abin alegam que quadros sem relação com a ‘Abin Paralela’ foram expostos, técnicas de inteligência sensíveis foram reveladas e o órgão enfrenta o menor orçamento de sua história, além de um déficit crítico de pessoal. A Intelis busca apoio do Congresso para reformar o marco legal da Abin e responsabilizar os envolvidos, enquanto a crise expõe profundas divisões dentro do governo Lula.
Fonte: http://www.metropoles.com