O presidente Donald Trump anunciou oficialmente a imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros e émbora muitos estejam tratando o anúncio apenas sob o prisma econômico, é impossível ignorar que essa decisão está profundamente ligada a um contexto político e geopolítico muito mais amplo e que põe o Brasil no epicentro das disputas sobre valores fundamentais do mundo livre.
A possibilidade de Trump impor tarifas ao Brasil não surge no vácuo. Vem ancorada em algo muito maior e mais grave: a percepção, cada vez mais clara entre conservadores americanos, de que o Brasil vive uma guerra ilegal e inconstitucional contra a liberdade de expressão. Uma guerra que fere princípios basilares do mundo livre e que, para líderes como Trump, não pode ficar sem resposta.
Trata-se de um sinal político de que não haverá condescendência com aqueles que suprimem direitos fundamentais, como a livre manifestação do pensamento, censuram as redes sociais ou perseguem vozes dissidentes. Sob esse prisma, as tarifas seriam menos um instrumento econômico e mais um recado geopolítico.
Como conservadora, compreendo o princípio que move Trump. A liberdade é o bem mais precioso, e não se pode admitir que, em nome de conveniências políticas internas, o Brasil caminhe rumo a práticas autoritárias. Trump está dizendo, em linguagem dura, que há consequências para quem viola pilares civilizatórios.
Mas há um dilema: quem pagará a conta não serão os que mandam censurar ou perseguir cidadãos, mas o povo brasileiro, o pequeno produtor rural, o trabalhador das fábricas, as empresas que dependem do mercado americano. E é justamente aí que a esquerda brasileira prepara sua armadilha narrativa.
Se vierem tarifas, não tenha dúvida: a esquerda vai berrar que os EUA estão impondo embargos “como fizeram em outros países,” e tentar jogar sobre o governo americano a culpa por qualquer desaceleração econômica. Dirão que o Brasil sofre “sanções” porque se recusa a se ajoelhar diante dos EUA, quando na verdade o motivo é outro: o desrespeito à liberdade de expressão e às instituições democráticas.
É fundamental que nós, conservadores, não deixemos essa narrativa prosperar. Precisamos dizer claramente que não é o povo americano que virou inimigo do Brasil, mas que existem princípios inegociáveis que sustentam as democracias. E aqueles que rasgam essas liberdades não podem esperar silêncio ou benevolência das nações livres.
Mesmo assim, precisamos alertar: tarifas e retaliações econômicas podem gerar efeitos colaterais sérios. Podem empurrar o Brasil para a órbita chinesa, fragilizando ainda mais no tabuleiro geopolítico. E podem dar à esquerda a desculpa perfeita para vitimizar-se e enganar o povo.
O Brasil está numa encruzilhada. Trump tem razão em se insurgir contra a tentativa de censura e o possível autoritarismo. Mas é nosso dever, como conservadores brasileiros, evitar que o povo pague o preço dessa disputa e impedir que a esquerda use isso para perpetuar sua mentira de que somos apenas vítimas de uma conspiração estrangeira.
Porque, no fim, a liberdade não tem preço. Mas a conta da irresponsabilidade política sempre chega e quase sempre cai no colo de quem menos merece: o cidadão comum