Transformações tecnológicas, novas demandas sociais e o avanço da sustentabilidade estão moldando o futuro do trabalho; até 2030 o saldo líquido será de 78 milhões de novos empregos
O mercado de trabalho global está passando por uma reconfiguração profunda, impulsionada por tecnologias emergentes, transição energética, novas exigências sociais e mudanças de comportamento. Segundo o relatório Future of Jobs Report 2025, do Fórum Econômico Mundial, até 2030 o saldo líquido será de 78 milhões de novos empregos, com destaque para funções ligadas à inteligência artificial, análise de dados, sustentabilidade e saúde mental. Por outro lado, ocupações repetitivas e administrativas estão em queda acentuada, com quase 92 milhões de postos em risco de extinção. Em meio a esse cenário dinâmico, investir em formação estratégica, contínua e com visão internacional se tornou uma necessidade, e não mais uma escolha.
De acordo com o consultor de carreira da ESIC Internacional, Alexandre Weiler, as transformações não dizem respeito apenas à tecnologia, mas a uma nova forma de pensar e agir no ambiente profissional. “Estamos vivendo uma mudança de paradigma. As empresas não buscam mais apenas currículos técnicos, mas sim profissionais que combinem conhecimento específico, capacidade de adaptação, inteligência emocional e visão global de negócios. A formação precisa acompanhar esse ritmo e ampliar o repertório do estudante para além do conteúdo tradicional, afirma.
Profissões e habilidades em ascensão
Weiler destaca que as profissões em ascensão exigem uma combinação de competências técnicas, digitais e comportamentais. “O mercado está ávido por especialistas em IA, cibersegurança e análise de dados, mas também por líderes capazes de gerenciar times híbridos, lidar com incertezas e propor soluções sustentáveis. Essa nova realidade exige uma formação mais ampla, conectada às transformações do mundo”, explica.
Nesse contexto, os profissionais e estudantes devem pensar a carreira de forma estratégica, buscando se antecipar às tendências para que seja possível ampliar as chances de sucesso num mundo em constante mudança. “Procurar instituições com uma abordagem inovadora, corpo docente atuante no mercado e oportunidades de intercâmbio ou atuação internacional pode ser um grande diferencial”, pontua o consultor.
Weiler também reforça que outro ponto de atenção são as chamadas soft skills, que ganharam protagonismo. “Não basta saber programar ou entender de finanças, é preciso saber trabalhar em equipe, resolver problemas complexos, comunicar ideias com clareza e liderar com empatia. A tecnologia avança, mas são essas habilidades humanas que garantirão o diferencial competitivo”, finaliza.
Tendências de profissões e áreas em ascensão para 2026
Especialistas em Inteligência Artificial e Machine Learning
São os profissionais responsáveis por desenvolver, treinar e aplicar sistemas baseados em inteligência artificial, como algoritmos de recomendação, assistentes virtuais e automações inteligentes. Com a IA sendo incorporada a praticamente todos os setores (da saúde ao varejo), esses especialistas têm papel fundamental na inovação e na eficiência operacional das empresas.
Cientistas e analistas de dados
Transformam grandes volumes de dados brutos em informações estratégicas para tomada de decisões. Atuam com análise estatística, modelagem preditiva e ferramentas de visualização de dados. A demanda cresce à medida que empresas buscam decisões baseadas em evidências e dados reais, em vez de intuição.
Engenheiros de FinTech e tecnologia Blockchain
Criam e mantêm soluções tecnológicas para o setor financeiro, como carteiras digitais, meios de pagamento inovadores e sistemas descentralizados baseados em blockchain. Com a digitalização dos bancos e o crescimento das criptomoedas e smart contracts, são cada vez mais requisitados.
Profissionais de segurança cibernética
São os responsáveis por proteger sistemas e dados contra ataques, vazamentos e invasões. Com o aumento do trabalho remoto, da digitalização de processos e dos crimes cibernéticos, esse perfil tornou-se crítico para organizações de todos os portes e setores.
Especialistas em sustentabilidade e transição energética
Trabalham com ESG (Ambiental, Social e Governança), energia renovável, economia circular e responsabilidade ambiental. A busca por modelos de negócios mais sustentáveis está forçando empresas a adotarem práticas verdes, abrindo espaço para esses profissionais.
Engenheiros de robótica e automação
Projetam, constroem e mantêm sistemas robóticos usados em indústrias, hospitais, agricultura e logística. Com o avanço da Indústria 4.0 e da automação inteligente, são peças-chave para ganho de produtividade e redução de custos operacionais.
Gestores de transformação digital
Lideram o processo de inovação tecnológica nas empresas, integrando novas ferramentas, reestruturando modelos de negócios e promovendo a mudança cultural necessária para a era digital. Precisam unir conhecimento técnico e habilidades de gestão.
Profissionais de saúde mental e bem-estar
Psicólogos, terapeutas, mentores e especialistas em qualidade de vida estão ganhando mais espaço nas empresas e na sociedade. A crescente preocupação com burnout, estresse e saúde emocional torna essa área uma das mais valorizadas no pós-pandemia.
Especialistas em Experiência do Cliente (CX)
Mapeiam jornadas, criam estratégias de encantamento e melhoram a relação entre empresas e consumidores. Em mercados competitivos, a experiência tornou-se um fator decisivo para a fidelização e diferenciação das marcas.
Mentores de desenvolvimento profissional
Ajudam profissionais e líderes a desenvolverem competências, tomarem decisões estratégicas e lidarem com mudanças. Com carreiras cada vez menos lineares, esses orientadores são procurados por quem deseja crescer, mudar ou se reposicionar no mercado.
“Curiosamente a transformação promovida pela IA demanda e demandará dos profissionais competências relacionadas à gestão, linguagem, assim como habilidades diretivas e interpessoais. É a máxima de Einstein se manifestando: quanto mais evolui a tecnologia, mais importante o ser humano. Aquilo que mais nos caracteriza como ser humano, será o que nos dará lugar no mercado que está se formando. E a qualidade e amplitude de nosso conhecimento destas áreas nos permitirá atuar de forma realmente inovadora e pertinente”, conclui Weiler.