O ataque na Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, em Estação (RS), que resultou na morte de um aluno de 9 anos e ferimentos em outros, levanta um questionamento crucial: o comportamento retraído e a dificuldade de socialização podem ser indicativos de risco em jovens?
O agressor, um adolescente de 16 anos descrito como isolado, reacende a discussão sobre a identificação de potenciais ameaças em indivíduos com dificuldades de interação social. A polícia investiga o caso, buscando entender as motivações por trás do ataque e se o perfil do autor já demonstrava sinais de alerta.
De acordo com a Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS), o adolescente chegou à escola com uma mochila, solicitando o uso do banheiro. Ao sair, atacou alunos com uma faca e bombinhas, resultando em uma cena de pânico e ferimentos. A professora também ficou ferida ao tentar proteger os estudantes.
Vitor André Kungel Gambizari, de apenas 9 anos, foi fatalmente ferido no tórax. Outras duas meninas, de 8 anos, também foram atingidas, assim como a professora. Funcionários da escola conseguiram imobilizar o agressor, que foi apreendido pela polícia.
Em entrevista ao Metrópoles, a coordenadora pedagógica Talita Rangel esclareceu que o comportamento retraído, por si só, não é um indicativo de risco. “O verdadeiro sinal de alerta é quando há mudanças perceptíveis no comportamento, independentemente de a criança ser mais introvertida ou não”, afirmou Rangel.
A especialista destaca que atitudes agressivas podem ter origem em fatores externos à escola, como conflitos familiares ou exposição à violência. “Quando não há um canal de escuta e acolhimento adequado, o sofrimento pode se traduzir em comportamentos agressivos”, explica.
Rangel enfatiza o papel crucial da escola na prevenção, adotando uma postura ativa e acolhedora. “A escola precisa ir além do papel acadêmico, ela deve estar atenta aos aspectos emocionais e sociais dos alunos”, conclui.
A tragédia poderia ter sido ainda maior, segundo o delegado responsável pelo caso. Um treinamento de evacuação realizado na escola uma semana antes do ataque foi fundamental para a rápida evacuação do local.
O inquérito policial concluiu que o ato infracional é análogo a homicídio consumado e tentativas de homicídio. O adolescente permanece internado provisoriamente em um centro socioeducativo, aguardando decisão judicial.
Fonte: http://www.metropoles.com